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Café Literário recebeu escritor e investigador criminal
Mario Ribeiro · quarta, 22 de maio de 2013 · Carlos Ademar, autor de 7 livros de índole criminal foi o convidado de mais um Café Literário, decorrido no Café do Teatro das Beiras. |
O escritor marcou presença na "cidade neve" para falar sobre a sua obra literária |
21991 visitas Obreiro dos romances “O Caso da Rua Direita”, “O homem da carbonária”, “Estranha Forma de Vida”, Memórias de Um Assassino Romântico”, “Primavera Adiada”, “O Bairro” e “O Chalet das Cotovias”, Ademar colaborou na investigação de casos mediáticos como o dos “Skinheads” e “O Estripador de Lisboa” aquando da sua estadia na Polícia Judiciária, exercendo o cargo de investigador criminal na Secção de Homicídios. O autor começou por fazer uma breve resenha das suas obras: “O “Caso da Rua Direita” fala-nos do homicídio de um Capitão, e de todos os contratempos, suspeitas e dúvidas levantadas antes de descobrir o criminoso; “O Homem da Carbonária” faz-nos reviver a Lisboa antiga, e trata de um homicídio ocorrido nos primeiros anos da República. No que diz respeito a “Estranha Forma de Vida”, é um livro que nos fala sobre os clubes nocturnos e os seus perigosos e ilegais bastidores; “Memórias de Um Assassino Romântico” descreve um caso de um indivíduo que, vendo-se injustiçado, decide fazer justiça pelas próprias mãos; enquanto “Primavera Adiada” relata a época ditatorial vivida em pleno período Salazarista. “O Bairro” refere-se à atmosfera tumultuosa vivida em bairros problemáticos e, finalmente, “O Chalet das Cotovias” é uma narrativa sobre a impunidade dos poderosos. Ademar considera a Organização Mundial do Comércio (OMC) a “maior das desgraças” e, questionado sobre quais os seus “Heróis na Vida Real”, o escritor foi taxativo: “Para mim um Herói da Vida Real é aquele que, actualmente, aufere o salário mínimo e tem enormes dificuldades em pagar as contas, os estudos dos filhos e alimentação”, disse. “Algo que me sensibiliza e, ao mesmo tempo preocupa, são, por exemplo, situações em que mães residentes em bairros sociais, saem de casa às 5h da manhã para limpar o Banco, depois vão trabalhar para um refeitório e de seguida vão fazer limpezas para a casa de alguém, chegando a casa à noite enquanto os seus filhos ficaram todo o dia à mercê das “leis” do bairro!”, completou. Um dos espectadores presentes não de coibiu de questionar Ademar, perguntando que mudanças deverão ocorrer para que haja, num futuro próximo, um aumento na taxa de sucesso no que à investigação criminal diz respeito: “Apesar do avanço tecnológico ao longo dos anos, a taxa de sucesso é inferior ao que era há uns anos atrás. Isso deve-se, primeiramente, a circunstâncias sociais e alterações na própria sociedade ao longo dos anos. Por exemplo, outrora a igreja tinha um papel importante no que se refere ao controlo social. Os 10 mandamentos eram encarados quase como leis a cumprir. Hoje, quem os respeita na totalidade?” O convidado de mais um Café Literário foi também desafiado a comentar as recentes manifestações populares por outro dos espectadores presentes no Café do Teatro das Beiras, que perguntou “se essas manifestações podem ser o rastilho para situações e tumultos mais graves”: “Não creio que estejam reunidas as condições para o despoletar de conflitos graves, como aconteceu na Grécia, por exemplo. Espero é que o povo continue a manifestar-se sem registos de violência. O que a população não pode fazer é ficar sentada atrás de um teclado a exprimir a sua revolta. Eu vou para a rua manifestar-me, e quem está revoltado com o que estamos a viver, tem de fazê-lo também!”, disse. Carlos Ademar, nascido em Vinhais em 1960, é licenciado em História pela Universidade Aberta e desempenhou o cargo de investigador criminal na Secção de Homicídios da PJ, para além de ser o autor de sete obras literárias. |
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