“Estudos mostram que 95% das empresas no Brasil são familiares” afirmou Gloria Charão Ferreira. Motivada pela “particularidade das empresas familiares” a docente da Faculdade de Natal-FAL, no Brasil, reconheceu que sempre se questionou “porque é que algumas organizações são rígidas e fechadas ao contrário de outras”.
No contexto de uma organização familiar, perceber quem é o fundador da empresa e que influência tem na mesma é um fator fundamental para Gloria Ferreira, reforçando que mesmo na sua ausência, continuam presentes os valores na organização. Assim, toda a “dimensão família” que está implícita nestas empresas está fortemente ligada aos “vínculos” e ao “compromisso” entre os membros, referiu.

No panorama brasileiro, as pesquisas realizadas acerca destas empresas são ainda recentes e focam sobretudo temas relacionados com aspetos da “sucessão”, “cultura”, e “pontos fracos e fortes”, explicou Gloria Ferreira. Considerando as investigações realizadas, revelam-se como “forças” das empresas familiares aspetos como o “maior nível de compromisso”, a “maior dedicação e fidelidade por parte dos membros da família e funcionários”, o “sacrifício financeiro em benefício da empresa” e a “reputação que o nome da família pode ter no mercado onde atua”, evidenciou.
No entanto, “70% dessas empresas nascem, crescem e morrem em menos de dois anos”. Gloria Ferreira encontra como principais causas os “conflitos familiares e não a gestão das organizações”. Na mesma perspetiva, encontram-se como “fraquezas” os “jogos de poder por se pertencer à mesma família”, a “valorização da antiguidade em detrimento da competência”, a “dificuldade na separação entre o racional e o emocional” e o “excesso de informalidade”, apontou a docente da Faculdade de Natal – FAL.

Na palestra, que decorreu no âmbito do 2º ciclo em Empreendedorismo e Criação de Empresas, Gloria Ferreira reforçou, que o nível de compromisso nas entidades em questão passa por uma “base afetiva” onde “o vínculo se estabelece pela presença se sentimentos de afeição”, por uma “base instrumental” quando são “considerados os custos ou benefícios de permanecer na empresa” ou por uma “base normativa” quando “existe uma interiorização das normas, padrões e valores estabelecidos”.