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Comemorações do 25 de Abril sem esquecer a instabilidade actual do país
Ana Catarina Veiga · quarta, 1 de maio de 2013 · No dia em que se comemorou o 39º aniversário do 25 de Abril, a Assembleia Municipal da Covilhã reuniu para a Sessão Solene, no seguimento das comemorações do Dia da Liberdade. Associações e personalidades de maior relevo na sociedade covilhanense, como a Universidade da Beira Interior, estiveram representadas na cerimónia, assim como representantes de todos os partidos políticos, que discursaram sobre os valores de Abril numa altura de austeridade. |
Sara dos Santos, a discursar pelo PSD. |
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O Auditório Municipal encheu, na passada quinta feira, com uma multidão de cravo ao peito, para ouvir os representantes dos partidos que compõem a Assembleia Municipal da Covilhã. A cerimónia começou às 10h30 da manhã, num dia em que, por tradição, se relembram os ideais de liberdade e igualdade, da Revolução que marcou o país. Os deputados das diferentes forças políticas serviram-se desses ideais para alertar para a situação financeira do país e para apelar ao não-conformismo da população. A identidade cultural de Portugal foi abordada pelos deputados dos vários partidos políticos, que denunciaram diversas situações do estado actual do país. O representante do Bloco de Esquerda, António Pinto, desvalorizou a dívida da banca portuguesa, comparada a nível europeu, acrescentando que “mesmo assim, é a que beneficia menos com os acordos da Troika”. O deputado acentuou, no seu discurso, “uma má política europeia”, a “disfuncionalidade da moeda única” e “a falta de apoios no desemprego”. O tema das freguesias também não foi esquecido nos discursos do 25 de Abril. José Almeida, representante da CDU, depois de definir a Constituição Portuguesa como símbolo de paz, liberdade e cooperação, referiu que “recentemente foi dado um golpe no poder democrático, pondo em causa o interesse das populações”. A decisão do Governo de juntar freguesias esteve em destaque na intervenção da Coligação Democrática Unitária, que ainda lançou fortes palavras ao Governo português, citando Paulo Serra: “Este suave fascismo!”. O representante do PS começou por falar da revolta actual da população portuguesa, que se serve de elementos da revolução de há 39 anos, para fazer ouvir o seu descontentamento, como ir para a rua cantar “Grândola, Vila Morena”. Pedro Leitão fez ainda várias criticas à Covilhã e enumerou vários projectos que, de certa forma, “prejudicaram a cidade” ou que “deveriam ser feitos em prol direitos dos cidadãos”. No seu discurso, repetia a frase “A Covilhã é contra!” e teceu fortes críticas: “Uma Covilhã com um centro histórico a cair, uma cidade supostamente 5 estrelas, e que nada mais faz pelo turismo na serra, que é contra o mercado municipal, contra o aeródromo, contra as barragens, e incapaz de negociar”. O Partido Social Democrata (PSD) é a força política predominante na Assembleia Municipal da Covilhã e teve como representante Sara dos Santos, que falou da responsabilidade que vem associada à liberdade que o 25 de Abril trouxe para Portugal. A deputada propôs “uma verdadeira revisão da democracia representativa”, uma vez que “o povo não se está a rever, não apenas no governo, como em nenhum dos partidos políticos, não tendo quem o defenda”. O Presidente da Câmara da Covilhã foi dos últimos a discursar, falando sobre uma urgente “união política e solidariedade entre todos”, para superar o momento de recessão actual. O último discurso foi mesmo o do Presidente da Assembleia Municipal da Covilhã, que encerrou a cerimónia com palavras sobre a simbologia dos cravos. O 25 de Abril foi uma revolução onde “não foi necessário utilizar balas. Não foi uma revolução do centro, esquerda ou direita, foi do povo, de todos os que queriam mudar o país e quebrar os isolamentos. Não se conheciam, então, interesses politico-partidários”. As comemorações do “Dia da Liberdade” prosseguiram durante todo o dia na Covilhã. A tarde foi marcada pelo Encontro de Tunas “I Silia Hermínia”, no Auditório do Anfiteatro Jardim Mártir-in-Colo, organizado pela Tuna Académica Moçoilas. Mais tarde, no Complexo Desportivo da Covilhã decorreu o jogo da Selecção Nacional sub 20. Tudo isto no feriado em que se comemora um dos acontecimentos da sua história recente que mais orgulha os portugueses. |
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