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Desenhar as relações com a indústria
Eduardo Alves · quarta, 20 de mar?o de 2013 · @@y8Xxv Um leque de novas colaborações entre o curso de design industrial e várias empresas traduz-se na mais recente aposta dos responsáveis por esta formação, no que respeita ao contacto entre a academia e o mundo empresarial. |
Os alunos desta formação estão já a trabalhar com várias empresas |
21948 visitas Muitas vezes o projeto concebido por um jovem designer industrial esbarra nas limitações da indústria que o poderia comercializar. Os calendários estabelecidos durante o período de aprendizagem são também, bem diferentes daqueles que se praticam em ambiente laboral. Estes e outros aspetos fazem parte da vivência das empresas, mas são muitas vez descurados no processo de formação das universidades. Para solucionar esta problemática, os responsáveis pelo curso de Design Industrial da Universidade da Beira Interior encetaram o contacto com um vasto leque de empresas, dos mais variados sectores, que acolhem agora alunos desta formação. Um trabalho que era já feito nos últimos tempos, mas que acaba por ter uma maior implementação e ver alargado o número de empresas, com o programa “Dedo do Design”. Ernesto Vilar, um dos professores desta formação, explica que “este é um projeto bilateral”. Com este tipo de ligação “existem vantagens quer para as empresas, quer para a academia. Do lado das empresas estas acabam por ter o apoio de jovens designers, e do lado dos alunos, estes conseguem ter uma porta aberta para uma oportunidade de trabalho”. O docente mostra-se confiante nos vários projetos que têm vindo a ser desenvolvidos pelos estudantes da UBI, e que muitos destes acabam por servir de ponte, para os alunos, entre a academia e o mercado de trabalho. “Os jovens recebem as complicações reais de um cenário industrial, de um sistema de produção, as limitações orçamentais, industriais, entre outros pontos e têm de encontrar uma solução que vai desde a concepção do produto ou outro desafio, para as necessidades daquela empresa. Tudo isto acaba por ser passado também para a formação dos alunos”. “Uma tremenda mais-valia para os alunos e uma forma de diferenciar esta formação em relação às restantes”, acrescenta João Monteiro. Também docente no Departamento de Engenharia Eletromecânica, onde se insere o curso de design industrial, acredita que “o número de empresas associadas à academia vai aumentar ainda mais e isso acaba por ajudar todas as partes”. O docente ponta um outro aspeto positivo entre todo este processo de trabalho junto das empresas. “A exigência de cumprir prazos e de ter uma calendarização rígida para a apresentação de um projeto e a sua concretização é outro dos pontos também a relevar neste tipo de estratégia e de política de formação”, remata. Isto porque, os docentes acabam por incutir nos alunos “a arte do compromisso”. O projeto “Dedo do Design” assume-se como um exemplo de boas parcerias entre a universidade e as empresas. Para Vilar, “é bom dar destaque a este conjunto de empresas, que trabalharam e que ainda estão a trabalhar connosco”. Os frutos destas ligações estão patentes na concepção de do interior de uma aeronave, na proposta de alguns modelos de objetos para a Vista Alegre, no desenho de algumas embalagens e novos logos. “O futuro passa pela remodelação da imagem das academias junto das empresas, algo que em Portugal ainda não está feito. Veja-se o caso do MIT, a instituição académica de maior referência mundial que não tem projetos científicos sem ligações às empresas. As empresas locais têm assim de ver aqui uma oportunidade de ter um designer nos seus colaboradores e não um recurso humano qualificado que acaba por sair mais barato”, diz Ernesto Vilar. Esta sensibilização do mercado terá também “de ter uma sensibilização da própria universidade, em facilitar o diálogo, em dar um apoio às empresas que nos procuram e todo um conjunto de vias que fomente esta ligação”, acrescentam os responsáveis daquele curso. |