A Universidade da Beira Interior desenvolveu um projecto científico na área do jornalismo, durante o qual foram realizados múltiplos trabalhos de investigação sobre o papel do jornalista, a sua função social e a influência dos cidadãos na actividade jornalística.

Para assinalar o desfecho deste projecto, nos passados dias 7 e 8 de Março vários investigadores e professores de diversos pontos do país, bem como académicos de renome internacional, estiveram presentes numa série de conferências onde deram a conhecer as conclusões de vários trabalhos de investigação sobre o tema.

O projecto “Agenda dos Cidadãos: Jornalismo e participação cívica nos media portugueses” começou em Março de 2010 e contou com a associação de vários jornais regionais de norte a sul do país, como “O Grande Porto”, “Jornal do Centro”, “Região de Leiria”, “Vida Ribatejana” e “O Algarve”.

Durante a sua execução, foram realizados vários trabalhos de análise aos conteúdos dos jornais, entrevistas aos directores desses jornais, e inquéritos aos jornalistas e cidadãos. Durante todo este processo de investigação, os dados obtidos contribuíram para que os órgãos de comunicação envolvidos no projecto realizassem uma “Agenda do Cidadão”, com a identificação de temas considerados prioritários pelos seus públicos e pela comunidade onde estão inseridos.

Da comissão executiva deste projecto fizeram parte João Carlos Correia, professor em Ciências da Comunicação, Ricardo Morais, investigador com formação e experiência na área de Jornalismo, Marco Oliveira, João Carlos Sousa, bolseiro neste mesmo projecto onde desenvolve um trabalho de investigação na área da Sociologia, e João Nuno Sardinha, todos a desenvolver trabalhos de investigação na Universidade da Beira Interior. Muitos mais foram aqueles que participaram neste projecto e que fizeram parte da comissão científica.

As conferências realizadas nos dias 7 e 8 deram conta dos vários resultados que servem de conclusão a este projecto. No dia de abertura esteve presente Estrela Serrano, presidente do Centro de Investigação Media e Jornalismo e professora na Universidade de Lisboa, que apresentou uma comunicação sobre “A Responsabilidade Social do Jornalismo”. Num discurso sobre a ética jornalística, a professora defendeu que “a procura da verdade é a exigência primeira de toda a informação, e a dignidade humana o principal limite à liberdade de informação”. Na conclusão da sua tese, Estrela explicou que a “regulação dos media é a garantia do respeito dos direitos do cidadão e dos direitos do jornalista”.  Nesta conferência esteve ainda presente Sylvia Moretzsohn, da Universidade Federal Fluminense, que deu a conhecer “O que é o Jornalismo no Brasil”.

Ainda no primeiro dia deste evento falou-se do “Papel do jornalismo público na revitalização da imprensa em Portugal – o caso da imprensa regional”, por Vitor Amaral, painel onde se debateu a função social do jornalismo como “reforço da participação e capacidade deliberativa dos cidadãos”. Vitor Amaral apresentou o trabalho desenvolvido durante o seu doutoramento, onde defendia que com uma “Agenda do Cidadão, o jornalista é entendido não apenas como observador mas também como participante justo”. Também Ivo Neto, investigador na Universidade do Minho, apresentou o seu trabalho sobre “Jornalismo televisivo e cidadania. Os desafios da esfera pública digital”.

No segundo dia de conferências o assunto de debate foi a “Ciência no Ecrã: A divulgação da actividade cientifica nos noticiários” e estiveram presentes Filipa Menezes, da Entidade Reguladora para a Comunicação Social, e Sílvia Castro, do Instituto Gulbenkian de Ciência. Maria José Brites, da Universidade Lusófona do Porto, também marcou presença e deu a conhecer o projecto RadioActive Europe, um projecto do qual faz parte da coordenação em Portugal. Este programa Europeu visa promover a participação cívica das comunidades mais jovens de forma estimulante e original, contando com os novos meios digitais. Na última das conferências a palavra foi dada a Márcia Benetti, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, que falou sobre “O discurso como problema e como método de pesquisa do jornalismo”.

Agora que o projecto chegou ao fim, João Carlos Correia, o Investigador Responsável, faz um balanço positivo de todo o processo: “Os objectivos foram conseguidos com sucesso” e as “conclusões retiradas serão publicadas em livro”, garantiu. “Agenda dos Cidadãos” foi um projecto de grande investimento financeiro, com cerca de 150 mil euros mobilizados. Os recursos foram dispensados pela Universidade da Beira Interior e pelo Laboratório de Comunicação e Conteúdos On-Line (LabCom). Todo este projecto contou ainda com o apoio da Fundação para a Ciência e Tecnologia, da Associação Portuguesa de Imprensa e dos grupos Lena Comunicação e Controlinveste.