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Serra da Estrela
Ricardo Fernandes · quarta, 20 de outubro de 2010 · Continuado
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21991 visitas Serra da Estrela é o nome dado à cadeia montanhosa e à Serra onde se encontra a maior elevação de Portugal Continental, e a segunda maior em território português. Partilhada pelos distritos da Guarda e de Castelo Branco, através dos municípios e Seia, Manteigas, Guarda, Gouveia, Celorico da Beira e Covilhã, atinge o ponto máximo de elevação nos 1993 metros de altitude. Foram precisos milhões de anos para que agentes erosivos esculpissem este relevo, ostentando a Serra de formas graníticas, atapetadas de areias. Em épocas mais recentes constatou-se que os agentes de erosão levaram à formação de depósitos sedimentares, alguns dos quais com características muito particulares, como os provocados pela acção dos glaciares, há cerca de 20 mil anos. A Serra da Estrela apresenta um clima temperado nas encostas expostas a oeste e norte e nas partes mais altas e um mediterrânico nas encostas mais baixas expostas a este e alguns vales. Devido às diferentes influências do clima temperado e mediterrânico e da proximidade do Atlântico e do interior da Península Ibérica, os padrões de distribuição de temperatura e precipitação são muito complexos. Invernos frios e húmidos em conjunto com verões secos e amenos são a marca predominante da irregularidade climática da Serra da Estrela. No inverno, as temperaturas mais baixas de Portugal são registadas no cume da Serra, com mínimas que atingem a marca de -20ºC. No verão, a forte insolação e a fraca precipitação originam a dissecação do solo e aumentos bruscos da temperatura. Este fenómeno acentua-se nas partes mais elevadas da Serra onde a radiação solar incide directamente no solo, aquecendo-o. É consoante as condições de continentalidade que os solos e as superfícies rochosas apresentam muitas vezes oscilações de temperatura e humidade. A variação da temperatura com a altitude determina a vegetação na Serra, a qual tem interesse notório pelo facto de numerosas espécies surgirem noutras montanhas da Península Ibérica, sendo algumas endémicas exclusivas. As plantas mais representativas são o teixo, o zimbro-rasteiro e a tramazeira. Actualmente por entre rochedos, em profundos covões, o solo da turfa acolhe espécies vegetais, próprias das zonas frias, como o cervum que serve de alimento ao gado. As plantas aromáticas e medicinais são também de realçar. Para além da riqueza florística, na Serra da Estrela, encontra-se uma grande variedade de espécies animais. Próximo do meio rural é possível encontrar a águia-de-asa-redonda, a raposa, o sapo comum, a toupeira, a lagartixa ibérica, a lebre e a poupa. Nas zonas em que o estrato arbóreo é dominante, é possível encontrar a geneta, a fuinha, a coruja-do-mato, entre outras espécies. A lã, produzida pela prática da pastorícia, a neve, que alimenta ribeiras e rios e a bravura do Homem são marcos que fizeram crescer a indústria de lanifícios, dando à Serra da Estrela um papel de referência nacional. |