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Mau tempo na barragem
Eduardo Alves · quarta, 27 de fevereiro de 2013 · A Covilhã foi palco de um acontecimento pouco visto nos últimos tempos. Na zona central da cidade decorreu uma manifestação contra a construção da nova barragem nas Penhas da Saúde, mas ao mesmo tempo, e no mesmo local houve também uma contra manifestação, a favor da nova estrutura. |
Os dois grupos manifestaram-se na praça do município |
21964 visitas Do alto dos seus 68 anos, Maria de Lurdes Afonso assiste com incredulidade aos protestos que decorrem em plena praça do município covilhanense. Um grupo de pouco mais de uma dúzia de pessoas coloca-se na zona central da rotunda localizada em frente à edilidade. Com uma faixa onde se lê “Contra a barragem”, gritam por “uma serra sã”, pedem “ò Relvas não metas água” e “Pinto para a rua”. Logo em frente, um grupo de outros tantos manifestantes exibem faixas pedindo “Barragem já”. A reformada da indústria têxtil espera pelo autocarro na zona central da cidade e dá voz ao grupo de pessoas que utiliza o abrigado da Covibus para fugir à chuva que cai copiosamente. “Dois grupos aos berros uns para os outros. Deve ser malta da universidade a fazer algum filme”, atira a idosa. Tal como Maria Afonso, os muitos transeuntes só depois de algum tempo acabam por descortinar o motivo de tal “espetáculo”. Uma manifestação contra a barragem e uma outra, a favor. Este parece ter sido o mais recente episódio de uma já longa novela. Tal como este evento, todo o caso parece ser pautado por lutas entre grupos que estão contra outros a favor da barragem. Esta é uma das mais antigas promessas de Carlos Pinto, atual presidente da autarquia serrana, que até ao momento ainda não passou do papel. Desde apoios estatais, até recusas determinantes por parte do poder central, passando por relatório que justificam a construção da estrutura e outros tantos estudos e entidades que se mostram contra, terminando na manifestação contra a construção, promovida por Luís Alçada Batista, proprietário de alguns terrenos localizados junto à futura barragem, e a contra manifestação, promovida por vários presidentes de junta do concelho. Na passada semana, os documentos finais foram firmados e tudo indica que será desta que as obras avançam. Alçada Batista sublinha que luta contra a construção “não por interesses pessoais, mas sim, pela serra e pela preservação do património”. Já Fausto Baptista, presidente da Junta de Freguesia de São Jorge da Beira, foi um dos autarcas que se manifestou a favor da construção desta estrutura. Uma obra que “já deveria estar há muito edificada” e que vem colmatar uma necessidade de todo o concelho. Para os vários autarcas presentes nas arcadas da câmara, a futura barragem, irá suprir a falta de água “que se regista sobretudo nas freguesias mais afastadas da cidade e em períodos de seca”. Entre uma parte e outra, as palavras de ordem foram muitas, mas no final, a chuva acabou por vencer e levar a que as manifestações acabassem por desmobilizar, sem que os populares tenham compreendido as verdadeiras razões dos protestos. |