Há muito que a cortiça tem uma aplicação na construção civil. Este recurso natural que tem no território luso o maior local de transformação, pode agora conhecer mais uma forma de inovação.

O Centro de Materiais e Tecnologias de Construção da UBI (C-MADE) está a trabalhar com uma empresa de transformação de cortiça. Tudo com vista ao desenvolvimento de um conjunto acoplável de peças modulares para execução de superfícies ajardinadas, no âmbito do projecto de imvestigação GEOGREEN, financiado pela FCT (Fundação para a Ciência e Tecnologia). Com este objetivo, a UBI celebrou um protocolo com a Sofalca/Isocor, que irá participar com o fornecimento de produtos e know-how.

Depois de várias décadas de trabalho nesta área, Paulo e António Estrada, empresários na área da cortiça, decidiram promover um conjunto de ligações com a academia. O seu principal objetivo passa por desenvolver algumas ideias nesta área e conseguir um produto de qualidade diferenciador das soluções já presentes no mercado. Para tal têm sido já dados passos e desenvolvidas algumas atividades. Paulo Estrada mostra-se bastante confiante na ligação ao conhecimento científico e projeta já novas iniciativas conjuntas. “Temos algumas esperanças no desenvolvimento de aplicações para este produto e utilizar os nossos conhecimentos industriais, em ligação aos conhecimentos científicos, para conseguirmos, por um lado, melhorar as aplicações e por outro lado descobrir outras que potenciem o produto”, atesta.

No caso da construção civil, as principais aplicações da cortiça têm vindo a ser substituídas por produtos químicos. Contudo, o responsável pela empresa agora parceira do C-MADE sublinha que a cortiça nunca foi inteiramente colocada de parte. “Trata-se de um produto com um excelente desempenho e totalmente natural”. Em muitos países, esse é um fator que serve de diferença e mais-valia. Nesse sentido, têm sido desenvolvidos testes para produzir um conjunto de soluções com base na cortiça que passa por um material isolante cuja transformação e aplicação não contempla nenhum produto químico. “Trata-se de um processo industrial através do qual recorremos ao vapor de água, este atravessa a cortiça e o grão da cortiça faz a expansão e cola naturalmente através da resina”, explica Paulo Estrada. Nesse sentido, a múltipla aplicação deste material, não só em termos de isolamento acústico ou térmico, mas também como produto de decoração está a ser testada e possivelmente melhorada nas atividades que decorrem na UBI. Para tal, a Sofalca/Isocor tem cedido a cortiça e o C-MADE desenvolvido os vários passos necessários na ultimação ultimação desta solução modular para execução de superfícies ajardinadas.

Esta parceria poderá vir a ser alargada outros projetos, segundo as partes intervenientes. Todos eles tendo por base a cortiça e trabalhabilidade da mesma de uma forma natural. Isto porque, consegue-se assim ter produtos diferenciadores a partir do regranulado de cortiça e do aglomerado de cortiça expandida (ICB) que podem, por isso mesmo, ganhar destaque em relação aos demais produtos como soluções naturais e ecológicas.