Jornal Online da UBI, da Região e do RestoDirectora: Anabela Gradim |
Entrevista a Luís Ferreira
Edgar Félix e Laura Falcão Freire · quarta, 6 de fevereiro de 2013 · Continuado
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21979 visitas Um artista defensor da Arte Urbana e colaborador do projeto WOOL. Como a família e amigos olham para esta atividade, e para todas as obras que produz? Ouvir resposta Luís Ferreira - Tudo depende do que se for fazer. Inserido no projeto WOOL, eles sempre souberam se ia ajudar ou não. Sempre aprovaram, porque tudo o que foi feito no projeto WOOL, foi para dar um ar, não de novo, mas para reabilitar certas paredes que estavam completamente mortas, no centro da cidade, e como a tendência do centro da cidade é para morrer, principalmente, os edifícios, claro, eles sempre viram aquilo como dar vida a paredes que estavam mortas já há muito tempo, então sempre encararam bem e sempre disseram que sim. Acrescentaram que não devíamos era só fazer quatro, cinco ou seis, mas fazer por as várias paredes e, assim, dá mais interesse ao centro da cidade. Certamente, que para vocês não existem paredes proibidas, mas tens alguma história engraçada daquele perigo que se pode correr quando se está a pintar o que não se deve? Ouvir Resposta Luís Ferreira - Há sempre aquele perigo. Há aquelas pessoas que passam mesmo quando estás a fazer uma coisa ilegal e não ligam, passam e continuam. Não sei se é por medo de tentar arranjar confusão, ou mesmo violência, ou se não é nada com eles, e por isso, não se interessam. E há aquelas pessoas que param, criticam e podem-se ir embora, ou ainda, há as outras que param, criticam e chamam a polícia. O pior é que nunca se sabe quem é que se apanha, quem é que ali pára. Já me aconteceu estar a pintar e passarem pessoas que, simplesmente, não querem saber, nem comentaram, olharam e seguiram. Onde não tive qualquer tipo de problema, mas já tive problemas, sim. Tive problemas com a GNR, por exemplo, só que na altura apanhei polícias bons, que me deixaram ir, deixando só o material e afins. Deixaram-me ir com o aviso de que era a última vez que ia fazer aquilo. Um artista dedicado a este tipo de arte é reconhecido em Portugal? Ouvir resposta Luís Ferreira - Isso vai um bocado ao encontro da questão se é street art ou se é graffiti... A parte do graffiti está sempre associada ao ilegal, a parte do street art está sempre ligada às coisas bonitas, que se podem fazer e são permitidas. Há diferença para ti entre graffiti e street art? Ouvir resposta Luís Ferreira - Para mim anda tudo dentro do mesmo saco, mas em partes diferentes. O graffiti vai ser sempre associado a tudo o que é ilegal, sempre associado ao vandalismo. Nunca se considera street art um comboio todo pintado, todo vandalizado, no entanto, considera-se um bom stencil numa parede proibida. É sempre diferente, a questão do proibido é: se se fizerem imensos riscos numa parede proibida, é graffiti e vandalismo. Se se fizer um stencil todo bonito de uma pessoa, que para a cidade ou para o país está num bom patamar, vai ser considerado street art. A única diferença, é a mentalidade das pessoas, como não sabem o que diferenciar levam por aí. Vandalismo é tudo o que é feio e street art é tudo o que é bonito. Existem bons ou maus graffitis, ou existe um graffiti que é “meu” e outro que é “teu”? Ouvir resposta Luís Ferreira - Isso depende muito do estilo de cada graffiter, depende sempre da maneira como se olham as coisas. Há graffiters que só olham para o estilo que eles gostam, tudo o resto é lixo, pode haver uma boa pintura com grandes detalhes, mas se não fizer o seu estilo é feio, e se for preciso vão e pintam por cima. Essa questão está sempre associada ao gosto de cada um, e como cada um leva o graffiti. Há aqueles que sabem que pintam só o mesmo estilo, mas sabem apreciar os outros todos, e há aqueles que é só o estilo deles e mais nada, tudo o resto é lixo. Mas é um pouco por aí, o que é meu é meu, o que é teu é teu. O meu é melhor, o resto não interessa.
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