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TORRES VEDRAS: Tradição manda comprar na véspera de Natal
Raquel Pereira dos Santos · quinta, 27 de dezembro de 2012 · Continuado Em Torres Vedras, a tradição diz que os homens juntam-se na tarde do dia 24 de dezembro com o objetivo de comprarem as prendas para as respetivas esposas e namoradas sem nunca abdicarem da presença do já habitual «cup». |
Torreenses a beberem o «cup» antes de comprarem a prenda para as namoradas ou esposas |
22020 visitas Nem mesmo a crise fez com que as ruas do centro histórico da cidade de Torres Vedras estivessem pouco movimentadas na véspera de Natal. Apesar da ausência de decorações e iluminações natalícias pelas ruas, as pessoas não deixaram de viver o espírito de Natal e aproveitaram cada momento desta quadra mágica. Ao percorrer as ruas de comércio tradicional encontravam-se pessoas que aproveitavam para fazer as compras de última hora, mas também um grupo com uma particularidade muito própria. Este grupo, composto só por homens, reúne-se todos os anos numa das lojas do centro histórico da cidade de Torres Vedras para comprar a prenda para as companheiras. Uma tradição que surgiu ocasionalmente quando um grupo de amigos, há cerca de duas décadas, se encontrou ao acaso no centro da cidade, na tarde do dia 24 de dezembro, para fazer as compras para as respetivas namoradas e beber um tradicional «cup» no «Gelados Caravela», uma casa de comércio antiga e bastante conceituada que vende vinhos, charcutaria e muitos outros produtos artesanais e caseiros. Após o segundo ano em que o mesmo se sucedeu perceberam que tinha surgido ali uma tradição. Com o passar dos anos foram angariando cada vez mais adeptos e atualmente, na véspera de Natal, juntam-se em média 25 homens no «Gelados Caravela», mas são perto de 70 os amigos ou conhecidos que passam por lá desde o meio da tarde até perto da consoada. Francisco Cândido contou este ano a sua 14ª presença neste encontro e explicou que aproveitam estas horas para «conversarem com amigos que não veem ao longo do ano, desejarem as boas festas a todos, beberem o «cup» e claro, para comprarem as prendas para as esposas». A tarde dedicada ao encontro de amigos e conhecidos para o efeito já referido é benéfico para as esposas pois «não aturam os maridos durante metade da tarde e podem, dessa forma, estar sossegadas a fazer os bolos para a consoada e para o dia de natal» afirmou Francisco acompanhado de muitas gargalhadas. Pedro Estrela, gerente comercial do «Gelados Caravela», afirmou que «esta tradição é bastante boa para o negócio do cup», concluindo que é nesta época do ano e no Carnaval que se vende mais este produto mas a procura pelos restantes produtos está a ser claramente afetada pela crise. Dinis Lacerda tem presença assídua neste encontro há 18 anos e procura neste dia «passar os últimos momentos do ano com os amigos antes de reunir com a família», afirmou. Num grupo de torreenses divertidos que dão muito valor à amizade e às gargalhadas, a crise não tem permissão para entrar. Apesar de todas as dificuldades que se fazem sentir ao longo do ano, neste dia é possível deixar de lado as tristezas por alguns momentos e receber de braços abertos as tradições e os bons momentos. |