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Identidade judaica estudada em tese de arquitetura
Eduardo Alves · quinta, 27 de dezembro de 2012 · @@y8Xxv Analisar a densidade do espaço urbano nas antigas judiarias da região e perceber a identidade dessas comunidades foi o principal objetivo de Cecília Zacarias. Uma tese de doutoramento no ramo da arquitetura aponta semelhanças e diferenças entre quatro comunidades. |
Cecília Zacarias aponta para as várias opções de requalificação das judiarias da região |
21968 visitas Cecília Zacarias tem vindo a desenvolver alguns estudos na área das comunidades judaicas e das judiarias que existem um pouco por toda a Beira Interior. A primeira aluna do curso de Arquitetura da UBI, não quis deixar de lado esta temática aquando da escolha do seu tema de trabalho para uma tese de doutoramento. A opção passou por trabalhar alguns parâmetros relacionados com a densidade populacional e de que forma tal se reflete na identidade local das comunidades e aplicar tudo isso ao caso das judiarias da Covilhã, Castelo Branco, Guarda e Trancoso. Um estudo inédito no território nacional que aponta para algumas conclusões interessantes. Segundo a arquiteta, nas quatro judiarias em análise, “o espaço urbano não é próprio dos bairros judaicos nem é mais denso relativamente à zona histórica em que estão inseridos”. A autora do estudo intitulado “Densidade do espaço urbano e identidade local – estudos comparativos das antigas judiarias da Covilhã, Castelo Branco, Guarda e Trancoso”, explica que foi desenvolvido um protótipo através de grelhas “que determinariam a densidade do espaço urbano, em relação às ruas dos bairros judaicos. Ou seja, a judiaria tem ruas com determinada largura e morfologia que também conseguimos encontrar noutras ruas do centro histórico, isto é, não são características exclusivas daquele espaço. A judiaria não se trata de um caso específico do centro histórico, um espaço, já por si, bastante denso”. A arquiteta que já tinha desenvolvido um projeto de criação de um centro de estudos para a judiaria da Covilhã, no âmbito da sua tese de mestrado, pretendeu demonstrar se estes aglomerados apresentavam diferenças consoante a densidade urbana e a identidade. Para comparar com a Covilhã “tinha então Castelo Branco, Guarda e Trancoso. De acordo com a pesquisa histórica que fiz estas são as cidades que mais desenvolvimentos apresentaram, no que diz respeito aos bairros judaicos”, garante. Outro dos pontos em análise foi o da recuperação urbana. No caso de Castelo Branco, “o trabalho que está a ser feito é bastante significativo. Está em curso um programa de reabilitação de edifícios que vão ser posteriormente a pessoas com mais carências. Isto é um programa que recupera o património histórico e leva pessoas a viver para a zona histórica, com a renovação populacional. Noutras cidades isso não é tão visível”, sublinha Cecília Zacarias. Nesta temática destaque para o facto das autarquias terem já um vasto conjunto de informações e alguns estudos, feito nomeadamente aquando do funcionamento dos gabinetes técnicos locais, contudo, “aquilo que está no papel não passa para o terreno. Esses estudos baseiam-se muito no levantamento do existente. O trabalho que agora apresento, para além desse ponto, avança ainda com as características da densidade e identidade destes bairros. Fatores essenciais quando se pensa na recuperação do património”, diz a arquiteta. Esta tese foi apresentada na UBI e teve como júri Augusto Artur da Silva Pereira Brandão, professor catedrático convidado da Universidade da Beira Interior, Krzysztof Lenartowicz, professor catedrático da Faculdade de Arquitetura da Universidade Técnica de Cracóvia, Romana Cielatkowska, professora catedrática da Faculdade de Arquitetura da Universidade Técnica de Gdansk, Luiz Pereira de Oliveira, professor associado convidado da Universidade da Beira Interior, Carlos Francisco Lucas Dias Coelho, professor associado da Faculdade de Arquitetura da Universidade Técnica de Lisboa e Jacek Dominiczak, professor associado da Faculdade de Arquitetura e Design da Academia de Fine Arts de Gdansk. |