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SEDIELOS: aldeia esquece crise em época natalícia
José Eduardo · quinta, 27 de dezembro de 2012 · Continuado Apesar da crise, a família Monteiro não deixou de festejar o Natal com as tradicionais iguarias na mesa e o amor e união da família a ajudar na celebração da quadra festiva. |
Crise obrigou a menos prendas mas não retirou magia da quadra natalícia |
21980 visitas Na aldeia de Sedielos, também conhecida como Aldeia das Águias, no distrito de Vila Real, é dia 24 de dezembro, e apesar de ainda faltarem algumas horas para o jantar de consoada, em casa da família Monteiro começa-se desde cedo a preparar a ceia de Natal. Logo pela manhã, Maria de Lurdes Monteiro, a mais velha de sete irmãos, começa a preparar os tradicionais doces e salgadinhos. Bolinhos de bacalhau, fritas de abóbora, mel, bacalhau, castanha, leite de creme e as tradicionais rabanadas são algumas das iguarias que “estão presentes já há muitos anos na nossa ceia de Natal e muitas destas receitas aprendi a fazer com os meus avós e com a minha mãe”, conta Maria de Lurdes Monteiro. A meio da tarde, quando a mesa das doçarias já vai ficando composta e o cheiro das rabanadas paira na cozinha, começam a chegar os restantes membros da família que desde logo petiscam alguns doces e recordam velhas histórias de outros natais, mas também de outros momentos marcantes com as suas infâncias. David Monteiro, um dos sete irmãos, conta que o Natal de hoje já não tem as mesmas tradições que se tinha alguns anos antes porque antigamente na noite de consoada comíamos muito cedo e ficavam "à volta da lareira a jogar ao par ou pernão que é o conhecido jogo do par ou ímpar, ao rapa tira deixa põe com as amêndoas e as dez horas íamos dormir quando a lareira se apagava.” Em relação às prendas, David Monteiro conta que na altura não havia dinheiro para prendas: "nem sabíamos o que isso era porque, aquilo que fazíamos era deixar uma meia ao pé do forno e no dia a seguir aparecia lá uma moedinha e era com aquilo que nos tínhamos de contentar”, diz David. Sobre o sentimento em relação a esta quadra festiva, David diz que “hoje em dia as crianças só pensam nas prendas e no Pai Natal, enquanto nos tempos antigos o pensamento dos mais novos era direcionado para as rabanadas e para a aletria que só se comia quando alguém fazia anos”. David Teixeira, de quatro anos, confirma isso mesmo: para ele o Natal é ”o brinquedo que um homem vestido com um fato vermelho especial vai trazer” nessa noite. Em Sedielos a hora do jantar aproxima-se e já cheira ao tradicional bacalhau com batatas e “troncha” também conhecida como couve lombarda. O jantar que ficou a cargo de Camila Monteiro, uma das irmãs que vive em França, mas que vem todos os anos passar o Natal a Portugal: “é uma altura ótima para rever a família que não vejo durante o ano, e o Natal é quando todos os membros estão reunidos e podemos assim matar saudades e colocar a conversa em dia”. Depois de comido o “fiel amigo” e de provadas todas as iguarias que foram feitas ao longo do dia, é altura de abrir as prendas, porque na família Monteiro há muito que se perdeu a tradição de esperar pela meia-noite para as poder abrir. Para os mais novos um ou outro brinquedo, como é o caso do pequeno David que recebeu o seu camião das mãos do Pai Natal, neste caso a sua própria mãe. Margarida Teixeira este ano vestiu as roupas do famoso personagem natalício para entregar as prendas aos mais novos. Para os mais velhos algum dinheiro, peças de roupa ou decoração foram as prendas recebidas, numa época em que apesar da crise “houve como sempre muita alegria e muita união". Apesar de os presentes terem sido um pouco mais comedidos, a crise não foi sentida no seio da família e a tradição foi mantida” refere Ilda Monteiro, uma das irmãs da família. Abertas as prendas é hora de cada um regressar a sua casa para descansar já que na família não há tradição de ir até à missa do Galo. |