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CÁRQUERE (Viseu): um Natal feliz que aqueceu os corações
Diana Portela · quinta, 27 de dezembro de 2012 · Continuado Apesar de a crise ser a sombra desta época natalícia não impediu que as famílias da freguesia de Cárquere vivessem a habitual tradição do Natal |
A visita do Pai Natal |
21973 visitas A antiga província do Douro Litoral, à qual pertence o concelho de Resende, distrito de Viseu, foi em tempos conquistada pelos romanos que aqui se fixaram durante muito tempo, formando grandes povoados. O nome de Cárquere teve origem nesses tempos romanos: Carcavus, um habitante senhoril dessa terra, tendo zelado pelo bem da freguesia, foi idolatrado pelo povo, dando o seu nome à localidade. Na pequena aldeia de Cárquere, a crise foi a nota saliente nesta quadra natalícia “As iluminações caseiras já não fazem mais parte da tradição de Natal desta terra” tendo em conta” que o pouco que resta do ordenado é investido em pequenos luxos para a mesa da ceia de Natal” afirma Maria da Conceição Alves, habitante da freguesia, que faz os possíveis para proporcionar aos filhos uma festa não muito diferente dos anos anteriores. Nas ruas também não há iluminações pois a falta de dinheiro não permite grandes extravagâncias. Mesmo assim, o Natal é visível nas expressões faciais dos habitantes quando aguardam ansiosamente pela chegada dos familiares, e nas crianças que correm e cantam pelas vielas anunciando a chegada do Pai Natal. O cheiro a rabanadas e a filhós paira no ar e o fumo da chaminé lembra o frio que se faz sentir nesta época natalícia. Bernardo Pereira tem apenas 9 anos, mas está consciente do verdadeiro significado do Natal. O Pai Natal destaca-se na importância desta quadra natalícia, mas “o mais importante é o nascimento do menino Jesus”, diz. A lista das prendas foi feita com bastante tempo de antecedência, mas tendo em conta as dificuldades financeiras, Bernardo Pereira deixou um pedido para que os familiares lhe oferecessem “apenas o que conseguissem” visto que “ a melhor prenda já está entregue, uma noite cheia de alegria e paz que reúne toda a família”, mas que principalmente permite “as brincadeiras com os primos”. Para a noite de Natal prometeu animar a família com canções de Natal. Natália Almeida Alves, de 68 anos, mãe de três filhos e avó de oito crianças, sente-se feliz por ter os filhos e os netos reunidos em sua casa na noite mais especial do ano e garante que “enquanto as forças não faltarem as terras serão cultivadas” para assim “garantir que na mesa nunca faltará nada para comer”. Natália Alves recorda o Natal da sua infância, lembrando que “era um tempo de fome, mas que mesmo assim as rabanadas e o bacalhau não podiam faltar na mesa.” Hoje tenta manter a tradição de juntar a família, emocionando-se ao relembrar todos aqueles que, por qualquer motivo, não conseguiram ter um Natal Feliz. Como não podia deixar de ser o Pai Natal fez a sua habitual visita animando a noite dos mais pequeninos. As tradições já não são o que eram, mas a crise não conseguiu estragar por completo está quadra natalícia. Enquanto houver forças e sorriso nos lábios o Natal será sempre um Natal Feliz. |