Com o propósito de promover a atualização e o aprofundamento dos conhecimentos da comunidade filosófica, esteve na UBI, no passado dia 12 de dezembro, Maria Couto Soares da Universidade Nova de Lisboa. A congressista apresentou a sua mais recente investigação do projeto ético do filósofo britânico Alasdair Macintyre. A ética é um dos domínios filosóficos mais acutilantes discutidos atualmente, já que se insere em todos os vectores sociais e culturais. Apresenta a intenção de encontrar respostas eticamente responsáveis à problemática mundana vivida no nosso regime atual.
Num prisma sobretudo direcionado para a comunidade filosófica e de investigação, este seminário promovido pelo Instituto de Filosofia Prática da UBI teve como principal propósito inserir novos temas de contacto. De forma incisiva, o seminário contou com uma discussão valorativa de temas de índole éticos e morais, permitindo a toda a comunidade ficar a par dos mais recentes conteúdos divulgados e também de novos autores no mercado. O simpósio debruçou-se ainda pela grande multidisciplinaridade de conteúdos difundidos, já que estiveram presentes docentes e investigadores de outras áreas que se fundem direta ou indiretamente com o campo da filosofia, como é o caso das Ciências Políticas.
A oradora, Maria Couto Soares expôs o projeto ético de Alaisdair Macintyre do seu livro “After Virtue” (Depois da Virtude) baseado nas conceções aristolético-tomistas que lhe são muito próximas. Reconhece sobretudo como ponto fundamental atual que “o individualismo e o materialismo são duas conceções cada vez mais marcantes nas sociedades contemporâneas”. Face a este pressuposto, questionada sobre a ética atual, refere que “é inviável a construção de uma ética universal", já que o facto de cada um atuar tendo em conta o seu próprio ponto de vista subjetivo, leva ao nascimento de um mundo individualista.
Já segundo José Manuel dos Santos, docente e coordenador do Instituto de Filosofia Prática, chega mesmo a sugerir “as áreas das artes, da filosofia e das humanidades revelam-se nesta altura inúteis”. Isto, devido à grave conjuntura económica em que os indivíduos estão cada vez mais preocupados com a sua sobrevivência pessoal.
O desinteresse dos jovens atuais pelas áreas da filosofia reflete-se de forma direta com as médias baixas de admissão ao Ensino Superior, pois considera que “os jovens interessam-se atualmente por cursos mais práticos em que seja mais garantido arranjar colocação”.
Citando um dos filósofos mais célebre da história, Nietzsche, José Manuel dos Santos não deixa de acreditar no amanhã e reitera que “apesar da grave crise económica e da sobrevivência que todos procuramos, se esquecermos as áreas sociais da Literatura, Religião ou da Filosofia entramos num modo puramente animal de viver, o humano desaparece”.
Sessões como estas são de relevo preponderante não só para toda a comunidade filosófica mas também para todo o cidadão, pois afinal a discussão das questões éticas é o principal relance e ponto de partida de uma realidade mais vasta.