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Mobilidade urbana com novas aplicações
Eduardo Alves · quarta, 19 de dezembro de 2012 · @@y8Xxv Um estudo académico que deu origem a uma tese de doutoramento na área da Engenharia Civil aponta novas formas de decisão e escolha sobre as deslocações de pessoas. O modelo científico agora desenvolvido está centrado num modelo de análise de diversas variantes que apontam a melhor solução de transporte. |
Desenvolver modelos de gestão de tráfego e de estruturas públicas é o principal objetivo deste trabalho |
21981 visitas Por todo o território nacional existe a multiplicação de estruturas viárias. Mas nem sempre estas estruturas representam as necessidades reais do País. A este facto junta-se a prevalência na utilização do veículo próprio, o que acaba por gerar volumes de tráfego, nomeadamente nas grandes cidades. Para os especialistas na área, tais alterações devem-se essencialmente à falta de planeamento e de modelos de cálculo de necessidades para este sector. Jorge Humberto Gaspar Gonçalves, docente no Departamento de Engenharia Civil da UBI, é o autor do estudo “A influência da qualidade da acessibilidade por transporte coletivo na repartição modal de deslocações em áreas urbanas”. Na tese de doutoramento apresenta por este investigador, está o resultado da aplicação de um modelo de cálculo de necessidades de deslocação das pessoas. Jorge Gonçalves explica que “a principal conclusão vai para a prova de que com um modelo relativamente simples de aplicar é possível construir modelos de deslocações populacionais e que permitem dar indicações sobre os fatores relevantes de políticas de transportes, essencialmente de mobilidade”. Na ótica do investigador, este tema é cada vez mais importante, “sobretudo do ponto de vista político. Até porque, com estas informações aquando da decisão pela construção de soluções de transporte, os responsáveis podem escolher a forma mais acertada e com dados científicos verídicos”. Uma ferramenta que, se aplicada, acabaria por promover uma melhor utilização dos recursos financeiros, mas também, desenvolver redes de mobilidades eficientes e dinâmicas. Tal representa uma diminuição de custos nos cidadãos e também nas estruturas públicas. Para além disso, estas ferramentas permitem ainda quantificar outros parâmetros no que diz respeito à forma de deslocação de pessoas. Jorge Gonçalves sublinha um facto agora provado, “desde que as pessoas tenham habilitações para conduzir e sejam proprietárias de veículo automóvel, a escolha na forma como se deslocam recai no transporte particular e não nos coletivos e públicos. Dificilmente se consegue alterar estas mentalidades. A tudo isto juntam-se várias políticas que em vez de fomentar a utilização de transportes públicos vão contra isso, veja-se o caso do aumento de preço dos passes sociais para os estudantes ou idosos”. Como a experiência dos utilizadores é também muito importante neste factor, os relatos de maus preços e serviços acabam por levar as pessoas “a optar cada vez mais pelo seu transporte privado”, aponta o autor do trabalho que envolveu mais de 95 mil dados. Tudo isto é o espelho “de uma falta de política em termos de ordenamento dos transportes”. Com uma ação concertada seria muito mais fácil trabalhar para um objetivo comum. O modelo agora desenvolvido foi aplicado à cidade do Porto, mas no futuro o docente da UBI pretende testá-lo em situações de menor intensidade de tráfego e com uma melhoria de dados. “Apesar de termos um grande número de variantes e dados científicos recolhidos para o estudo, poderá ainda ter de se afinar um ou outro parâmetro de forma a tornar este modelo mais funcional”, explica. Uma das estratégias que se podem utilizar na correção deste tema é o da diminuição do crescimento das cidades e uma maior concentração de pessoas nos centros das cidades. “Isto não é um passo fácil de dar, veja-se o facto das autarquias ganharem dinheiro através das licenças de construção”, assume o docente e autor do primeiro estudo nacional desta dimensão. Um estudo que deu origem a tese de doutoramento apresentada na UBI e que teve como júri Victor Manuel Pissarra Cavaleiro, professor catedrático da Universidade da Beira Interior, Álvaro Jorge da Maia Seco, professor associado da Faculdade de Ciência e Tecnologia da Universidade de Coimbra, Américo Henriques Pires da Costa, professor associado convidado da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, Michael Heirinch Josef Mathias, professor auxiliar da Universidade da Beira Interior, Paulo Eduardo Maia de Carvalho, professor auxiliar da Universidade da Beira Interior, Bertha Maria Batista dos Santos, professora auxiliar da Universidade da Beira Interior e Gonçalo Homem de Almeida Rodriguez Correia, professor auxiliar convidado da Faculdade de Ciência e Tecnologia da Universidade de Coimbra. |