A mais de duzentos quilómetros de casa, Gabriel Silva, 17 anos, desespera pelo pagamento dos subsídios que tarda em chegar. Para este estudante, o que o preocupa é ter que pedir mais dinheiro aos pais. “A minha família tem dificuldades económicas porque só o meu pai trabalha. Sem o dinheiro do subsídio fico sem meios para poder pagar a renda”, desabafa. Na mesma situação de Gabriel estão muitos outros estudantes desta escola que acolhe jovens de todo o país. Ao todo são 120 estudantes, cerca de 70 por cento estão deslocados e, por isso, têm direito ao subsídio de alojamento.

Sem a ajuda financeira a que têm direito, muitos estudantes estão já a passar por necessidades. Samuel Duque conta que “muitos colegas estão a passar fome, outros acabam expulsos pelos senhorios das casas onde estão a viver por não pagarem a renda”. A situação já não é nova e os alunos dizem-se, por isso, “fartos”, exigindo o pagamento dos subsídios a que têm direito. Na última quarta-feira decidiram manifestar-se à porta da escola. Como forma de protesto, fecharam os portões a cadeado e fizeram greve às aulas durante todo o dia.

Entretanto, a direção da Escola emitiu um comunicado em que responsabiliza a gestão do Programa Operacional de Potencial Humano (POPH) pelo atraso no financiamento daquele estabelecimento de ensino. A Escola Profissional de Artes da Covilhã pertence ao grupo de colégios privados GPS, que na última semana esteve envolto em polémica depois de uma reportagem da TVI ter posto em causa a forma como o grupo é financiado, bem como o funcionamento do mesmo.