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Vias de (re)solução para uma Europa dilacerante
João Leitão · quarta, 28 de novembro de 2012 · Criar mais programas formais orientados para o desenvolvimento da capacidade individual de empreendedorismo e de condições competitivas que influem nos níveis de mudança, nomeadamente, institucional, organizacional e, acima de tudo, cultural e quadro mental. |
21998 visitas No âmbito de uma recente consulta promovida por um organismo europeu ligado à avaliação de políticas públicas, fui questionado sobre as implicações derivadas de alguma investigação que tenho vindo a desenvolver desde 2001, em temáticas que versam genericamente o empreendedorismo e a inovação. As vias de (re)solução transmitidas versam a nudez de um Europa dilacerante, cujo desempenho como bloco geoestratégico e político, perturba e com alguma violência derruba um modelo social, que a distinguiu em relação aos seus co-concorrentes mundiais. Relativamente à primeira questão: Da sua investigação, o que propõe no sentido de os governos dinamizarem o crescimento económico, no curto prazo? As respostas são académicas, e não técnicas, e pontuam-se por: aumentar a produtividade nacional; lançar iniciativas de micro crédito para promover atividades empreendedoras (empresas e obras sociais); disponibilizar fontes de financiamento às pequenas e médias empresas, numa oferta balanceada de capitais públicos e privados; criar novos instrumentos de capital de risco com a participação de instituições de ensino superior, numa base competitiva; e implementar espaços inteligentes de inovação aberta (por exemplo, comunidades criativas de artistas, fablabs, livinglabs, etc.), ao nível da Cidade Região. A segunda questão traduziu-se pelo seguinte: Da sua investigação, o que poderia ser feito pelos governos para encorajar o aumento do número de postos de trabalho e do emprego, no curto prazo? As soluções colocadas à discussão, consistem no seguinte: rever os mecanismos de proteção social, no sentido de garantir a equidade e a promoção do bem-estar social, numa perspetiva equilibrada entre os interesses dos trabalhadores e dos detentores dos meios de produção; lançar iniciativas orientadas para a internacionalização e as exportações, apostando em empresas que nascem globais; aprofundar a cooperação entre a indústria e as instituições de ensino superior baseadas numa abordagem de inovação aberta; promover a contratação de recursos humanos altamente qualificados em novas empresas, em consonância com uma nova Política Industrial; regular as estruturas de pré-incubação e de incubação de empresas de acordo com a referida Política Industrial; facilitar o acesso a capital semente para efeitos de promoção da prototipagem, da proteção de propriedade intelectual e subsequente exploração; promover a competição e a coopetição entre grandes e pequenas e médias empresas; e incentivar o empreendedorismo académico. A terceira questão coloca um desafio que se pretende sustentável e consubstancia-se no seguinte: Da sua investigação, o que poderia ser feito pelos governos para estimular o crescimento económico, a oferta de postos de trabalho e o emprego, no longo prazo? As vias de (re)solução são, uma vez mais, académicas e pontuam-se por: desenvolver uma nova Política Industrial orientada para produções especializadas baseadas tanto no conceito de vantagem comparativa (pró-eficiência e produtividade) e de vantagem competitiva (pró-diferenciação e oferta de benefícios superiores, sob a forma de valor partilhado); criar programas formais de educação de empreendedorismo para todas as audiências, dos 3 aos 75 anos; criar mais programas formais orientados para o desenvolvimento da capacidade individual de empreendedorismo e de condições competitivas que influem nos níveis de mudança, nomeadamente, institucional, organizacional e, acima de tudo, cultural e quadro mental; e promover as redes de parceria estratégica entre instituições públicas e privadas, que proporcionem uma gestão conjunta e a introdução de inovações disruptivas e incrementais, de acordo com a função assumida por cada parceiro participante, que deve estar preferencialmente dirigida para o crescimento económico e a produtividade. Exclamação final: O problema é de facto de produção e não de vias de (re)solução!
João Leitão Universidade da Beira Interior & Centro de Estudos de Gestão do Instituto Superior Técnico, Universidade Técnica de Lisboa |
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