Jornal Online da UBI, da Região e do RestoDirectora: Anabela Gradim |
UBI debate Nacionalismos em tempo de crise
Ivanira da Goia · quarta, 14 de novembro de 2012 · @@y8Xxv Tiago Lopes, doutorando do Instituto de Ciências Sociais e Políticas, foi o protagonista da aula aberta do Mestrado em Relações Internacionais, que decorreu no passado dia 9 na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, tendo por tema Nacionalismos em tempos de crise. |
Foi no pólo IV que a iniciativa teve lugar |
22014 visitas Os alunos do segundo ciclo em Relações Internacionais da UBI acolheram mais um convidado, Tiago Lopes para uma aula aberta no âmbito da unidade curricular “Seminário de Investigação I” dedicada esta semana à relação entre questões nacionalistas e a crise, e intitulado “Nacionalismos em tempos de crise”. Tiago Lopes é investigador do Instituto do Oriente, e faz parte da equipa de investigação dos projectos “Transições Políticas e Económicas” e de “Construção de Estados, Estados Frágeis e Estados Falhados”. O conferencista encontra-se precisamente a redigir uma dissertação a respeito dos projectos etno-nacionais no Cáucaso Norte, sendo que essa foi uma das regiões que foram bastante utilizadas como exemplo durante a sua exposição. O convidado abordou vários pontos que a questão do nacionalismo pode tocar, entre elas, a existência ou a relação entre o termo Estado-Nação, a importância e o significado da utilização de símbolos para as questões nacionalistas, o que remete para o processo e a ligação entre o nacionalismo e a identidade nacional, e foca-se em casos concretos de nacionalismo no Espaço Europeu, que têm sido cada vez mais visíveis com a actual conjuntura crise económica. Mais importante ainda, Tiago Lopes sublinhou a relevância ou o papel que o factor económico desempenha para o florescer de questões nacionalistas. O conceito de Nação é algo abstracto e intangível e Nação é muito distinta de Estado. Em regiões como o Cáucaso e os Balcãs as elites, confundem propositadamente os dois conceitos, de modo a poderem legitimar as acções políticas, criando a ideia de “uma espécie de união”. Falam assim em Nação, quando na verdade, estão a defender a criação de um Estado. Neste caso, dos vários exemplos dentro espaço Europeu, foi destacado o caso do Chipre, que tem vindo a lidar com a questão do nacionalismo em relação à República do Chipre Norte, pois acredita que este último tem como principal objectivo vir a integrar-se a Turquia, visto este país, entre outros motivos, estar a atravessar uma situação financeira relativamente boa. Um outro exemplo é o caso Espanhol, concretamente o País Basco, que o doutorando classifica como sendo “de facto um Nação, que se quer construir como um Estado”. “As Nações constroem-se definindo primeiramente quem não somos” defende o orador. Assim, estas minorias que se querem formar como um Estado ou juntar-se a um com a qual se identificam e têm uma maior proximidade, ao definirem-se afirmam-se primeiramente não como sendo uma Nação surgida da secessão com o país de pertença, mas como uma Nação pré-existente ao estado de que se querem libertar, esclarece Tiago Lopes. A realidade é que “a maior marte dos nacionalismos querem é ganhar força política, procurar conforto quando sentem que o Estado não desempenha o seu papel de providência” diz Tiago Lopes. Pelo contrário, quando retira determinados direitos as incertezas aumentam, a tendência é “recorrer a Nação, pois ela permite aproximação com os Meus” referiu Lopes. Embora a questão económica esteja presente nas manifestações nacionalistas, o orador atribui-lhe uma certa relevância, todavia, salienta que nem sempre é o factor chave em todos os casos. Questionado pela aluna de 2º Ciclo de Relações Internacionais Cátia Coelho, se “as questões nacionalistas podem ou não enfraquecer a União Europeia”, Tiago Lopes responde imediatamente que sim. Aliás, aproveitou para relembrar que o fervor do nacionalismo nos Balcãs “deve ser visto como uma alerta para o que aconteceu no passado” responde Tiago Lopes, pois “a Guerra de 1914 começou exactamente nessa zona e não foi só pelo assassinato do Arquiduque Francisco Fernando”.
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