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Juventude Socialista apela à participação política
Eugénia Inácio · quarta, 7 de novembro de 2012 · Como forma de incentivar as pessoas a serem mais participativas na vida política, os jovens socialistas organizaram um fórum onde se abordaram os temas da participação e democracia. |
Foruma "Participação Cívica e Democracia" |
21978 visitas “Participação Cívica e Democracia” foi o tema de um fórum organizado pela Juventude Socialista (JS) da Covilhã. O evento decorreu no dia 31 à noite, na sede do Partido Socialista. Como oradores estiveram João Dias das Neves, professor auxiliar do Departamento de Sociologia da UBI, João Sousa e Ricardo Morais, ambos investigadores do Labcom, que têm trabalhado as áreas da democracia e deliberação política. João Dias das Neves falou de participação e representação política em Portugal. O professor considera que “aparentemente não existem problemas de representação política na democracia portuguesa, existem sim, problemas políticos com a representação”. João das Neves sublinha ainda a abstenção, que “é um problema da sociedade”, demonstrativo do “desapego ou indiferença” pela política e pelo sistema político. Esta situação é verificada com maior frequência entre os mais jovens, que “não se revêem no sistema político”. O orador considerou que tal se deve “à falta de eficácia no sistema político, e à sua ausência de flexibilidade”. Outro dos problemas apresentado pelo professor foi o método eleitoral, que “leva à partidocracia, pois nem todos os eleitores têm direito a ser eleitos”, uma vez que as eleições envolvem sempre partidos e já com uma ordem definida dos representantes a eleger. “O interesse nacional, ou interesse do Estado, tem-se sobreposto às liberdades individuais” refere João Dias das Neves, acrescentando que “a participação só vem com conhecimento e responsabilidade”. Já Ricardo Morais, começou por falar de Democracia e considerar que “o modelo de origem não tem que ser um modelo perfeito, pois já na Grécia antiga nem todos podiam participar”. Também Ricardo Morais fala de uma ausência de participação política ao analisar as taxas de abstenção das últimas eleições. O investigador identifica várias razões: “Deixou de se acreditar na participação política, existe um desalinhamento e volatilidade eleitoral, um declínio da identidade partidária, e nota-se uma quebra de confiança dos cidadãos nas instituições políticas”. Ricardo Morais falou de uma democracia deliberativa, que poderia “tornar as pessoas mais participativas e promover um processo coletivo de tomada de decisões”. Acrescenta ainda que “a democracia deliberativa poderia funcionar como um complemento à democracia participativa”. Os fóruns de participação abertos a todos os que queiram participar são “exemplos de práticas deliberativas”, explicou Ricardo Morais. A participação ativa dos cidadãos na internet, algo que agora é frequente, também esteve presente, mas o investigador refere que esta forma de participação “não pode compensar o ato eleitoral”. Também João Sousa falou das redes sociais e novas tecnologias, que “potenciam o confronto de ideias”. No entanto, no final, verifica-se pouca adesão aos eventos ou manifestações. Da mesma forma, considera que “os leitores dão pouca importância ao formato on-line dos jornais”, concluindo que “as novas tecnologias não são a terra prometida da participação cívica”. João Sousa falou ainda de uma investigação que tem desenvolvido em conjunto com Ricardo Morais, que vai ao encontro da análise de que forma os jornais regionais impulsionam a participação do cidadão comum. Chegaram à conclusão de que “os jornais se centram mais nas autarquias do que nos cidadãos”. Uma situação com que os próprios jornalistas das redacções analisadas concordam, tendo percebido “que a agenda do jornal é condicionada pela empresa que o detém”, referiu João Sousa. Ainda assim, os “cidadãos inquiridos mostram-se satisfeitos com o respetivo jornal, o que de certa forma constitui um paradoxo”. José Diogo Simão, que assistiu ao debate, considera que num contexto em que os jovens estão afastados dos deveres cívico “este fórum apresenta-se como uma solução de duas frentes: desenvolve o debate sobre esta temática e fomenta a intervenção pública no carácter de discussão” Este fórum da JS deu início a um ciclo de debates “Participar na Mudança”, aberto a todos os cidadãos que queiram assistir. João Gaspar, presidente da JS Covilhã, explicou que com esta iniciativa pretende-se “criar um local onde todos possam participar e ser ouvidos”, e sublinha “mesmo aqueles que não estejam ligados a partidos políticos”. No final, houve um espaço aberto para a assistência participar e colocar questões aos oradores. O fórum terminou com castanhas assadas e jeropiga para os oradores e participantes. No mês de Novembro irá acontecer mais um fórum com tema e data ainda a definir. |
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