Ao longo de uma semana, a Cinubiteca da Universidade da Beira Interior é a casa do cinema lusófono. No ano do Brasil em Portugal e de Portugal no Brasil, os organizadores deste evento não deixaram de aproveitar a data para alargar a área de abrangência deste tipo de jornadas.
Um evento que tem vindo, ao longo dos últimos anos, a reunir na UBI alguns dos principais realizadores, produtores e académicos da sétima arte nacional, conseguiu, nesta sua quinta edição, diversificar o programa e ter uma temática mais virada para a lusofonia. Desde a exibição de filme, à apresentação de alguns trabalhos académicos, bem como, workshops com profissionais da área ocupam o programa de eventos que decorre até dia 25. Estas quintas jornadas do cinema estão também ligadas ao primeiro congresso Portugal Brasil África. Um conjunto de temáticas idênticas pontuam os programas destas duas ações e promovem o debate da lusofonia.
Ana Catarina Pereira, investigadora do Laboratório de Comunicação Online e uma das organizadoras do evento lembra que o principal objetivo passa por “abordar traços comuns a um sistema lusófono”. Nesta temática, lembra que “há todo um contexto histórico diferente nestes países, mas há linhas identitárias no cinema em língua portuguesa. E existem também influências de realizadores que vão sendo trabalhadas por outros”. Em termos de exemplo desta mesma ideia refere que “é interessante ver que o caso do Manoel de Oliveira, que continua a despertar bastante interesse em investigadores estrangeiros, neste caso vamos ter uma investigadora italiana que vem trabalhar esse tema, é interessante ver como o cinema africano começa a ter maior expressão em termos culturais e mesmo em termos académicos”.
Um dos pontos de destaque, por parte dos investigadores que participam nas jornadas, é o facto de se verificar “um crescente interesse por parte dos novos alunos que têm uma maior atenção por esta nova geração de cineastas que com as habituais dificuldades económicas e a cedência de subsídios conseguem, apesar de tudo, ir filmando e expondo o seu trabalho”.
O cinema português “está bem em termos culturais, estéticos e de ideias, ou seja, há uma série de conceitos que estão a ser trabalhados como é o caso do Miguel Gomes e do João Salaviza, que foram recentemente premiados em Cannes e em Berlim, mas há também uma série de novos realizadores que estão a dar que falar e a levar o nome de Portugal além fronteiras”, acrescenta. Daí que o futuro da sétima arte, quer em Portugal, quer nos países de expressão lusófona esteja no bom caminho.