As dificuldades e as mudanças pelas quais as democracias ocidentais estão a passar foram as principais questões abordadas nos dias 11 e 12 de outubro durante a conferência internacional Political Participation and Web 2.0.
A “crise da democracia” foi o tema abordado por Peter Dahlgren, professor da Universidade de Lund, na Suécia. Dahlgren salientou que as “democracias ocidentais estão em dificuldades”, mas as Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) podem melhorar a participação da sociedade na política de forma eficaz e pouco dispendiosa.
Peter Dahlgren defende a ideia de que o Facebook tem maior capacidade de mobilizar os cidadãos do que os partidos políticos. Para este investigador, as redes sociais são determinantes para que exista “discussão política”.
Carlos Jalali, professor da Universidade de Aveiro, considera que “a democracia é feita de crises e de vitórias” e neste momento a Europa atravessa um desses períodos de crise. Para este cientista político, os partidos “estão a perder força” na medida em que a militância partidária está em declínio. Jalali considera que uma das causas para a atual crise da democracia é o facto de os partidos políticos deixaram de defender determinados grupos sociais ao preferirem agradar a um maior número de cidadãos.
Em relação ao uso que os partidos fazem da Internet, Jalali considera que “os partidos estão nas redes sociais da mesma maneira que estão numa feira”: podem não conseguir mais votos, mas estão presentes para marcar posição. Para Jalali, os “novos media coordenam vontades coletivas” e são importantes na ligação dos cidadãos a causas políticas. As bases de dados, criadas com o objetivo de conhecer os eleitores, são um dos novos instrumentos que permitem que os partidos políticos escolham as mensagens que querem dirigir para cada votante. A ideia de que a democracia pode renascer e ser reinventada foi lançada por Carlos Jalali, mas o investigador lembrou que “a democracia dá trabalho”.