Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a depressão afeta mais de 350 milhões de pessoas de todas as faixas etárias. Este número, que tem aumentado muito nos últimos anos, preocupa os responsáveis da OMS que assinalaram este ano o Dia Mundial da Saúde Mental com o tema: “Depressão: uma crise global”.
No atual contexto socioeconómico este tipo de doenças tende a aumentar, por isso o Serviço de Psiquiatria do CHCB assinalou o 10 de Outubro com um dia aberto, facilitando à comunidade o contacto com os doentes. O objetivo foi acabar com a estigmatização que rodeia a depressão. Para além de uma exposição de quadros pintados pelos utentes do Hospital de Dia, o programa incluiu ainda um concerto da escola “Oficina dos Sons”, que teve início às 15:00h e reuniu profissionais, comunidade e doentes num momento musical, realizado no auditório exterior das instalações.
Victor Sainhas, diretor do Serviço de Psiquiatria do CHCB, considera que os casos de depressão têm aumentado significativamente com a crise que o país atravessa, mas essa é apenas uma das circunstâncias que explicam os números atuais. A depressão surge quando se observa uma “tristeza mantida” ou se sofre de uma “certa lentificação”, podendo haver alteração dos ritmos biológicos e/ou ter sintomas físicos. Existem também “depressões mais graves, em que os doentes podem ter ideias delirantes, de ruína, de uma culpabilidade, podendo levar em casos extremos ao suicídio”, refere Victor Sainhas.
O consumo de antidepressivos está diretamente relacionado com o aumento dos casos de depressão. Segundo o Observatório de Medicamentos e Produtos de Saúde, de 2000 para 2009, a taxa de crescimento do consumo de antidepressivos aumentou 177 por cento, continuando a aumentar.
Apesar da crise, Victor Sainhas considera que, neste campo, a atuação dos últimos governos tem sido positiva. O Serviço de Psiquiatria tem instalações novas e foram abertos concursos para novas vagas em Psiquiatria. Apesar dos esforços, sublinha, “a nível técnico é que as coisas estão mais complicadas, porque o interior ainda não é atrativo para muita gente, e particularmente para psiquiatras”.
Ao assinalar o Dia Mundial da Saúde Mental, o Serviço de Psiquiatria do CHCB procurou criar uma maior sensibilização para a realidade das doenças do foro mental e da grande estigmatização dos doentes.