Questões sobre a educação, o sistema de ensino, as políticas educativas e as perspectivas futuras fizeram parte de mais uma “Troca de Palavras”, realizada no passado dia 27 de Setembro na Biblioteca Municipal da Covilhã. A tertúlia contou com a participação de Santana Castilho, Professor Coordenador do Politécnico de Santarém e cronista do jornal “Público”, que fez uma abordagem reflexiva sobre o estado do sistema do ensino português.
Durante o evento discutiram-se temas que pretendiam “alertar consciências” para o problema da educação, estando relacionado com a situação em que o País se encontra. De acordo com Santana Castilho este problema é fundamentalmente político, sendo que o novo modelo de gestão do ensino traçou objectivos que nada melhoraram a educação, pois “não tem lógica definirem-se objectivos sem se modificar os programas, sendo que a maneira como estão formulados os objectivos é perfeitamente indigente”, salientou.
Os problemas dominantes do País como o financeiro e o político “reflectem os défices no sistema de ensino, que afectam as urgências educativas em Portugal”. A política educativa do actual Governo é “completamente inadequada às necessidades educativas do país. Essas políticas são erradas a todos os níveis, pois estão marcadas por condicionantes de natureza financeira”, fundamenta Santana Castilho. Tendo por base as políticas postas em prática pelo actual Ministro da Educação, o docente considera que “ele próprio mostra um desconhecimento total das coisas, sendo que ainda há pouco tempo disse que o ensino tinha perdido duzentos mil alunos quando na verdade ganhou setenta e oito mil alunos”.
Alguns dos problemas que afectam a educação em Portugal foram abordados ao longo da tertúlia, desde a obrigatoriedade do ensino, à falta de educação mínima dos alunos para saberem viver em sociedade, e ao novo modelo de avaliação dos professores. Para Castilho têm sido feitas intervenções que penalizam terrivelmente os professores e “um sistema de ensino sem professores motivados e respeitados não poderá funcionar”, explica.
Muitos presentes no debate partilharam da mesma opinião, como João Pinho, docente de Educação Física, que considera os métodos de avaliação dos professores “não fazem sentido, porque avaliam a partir de números, e não com base na personalização e individualização do ensino e do cuidado que se tem para com os alunos. Em suma, fica para aquém do que é essencial”.
A solução para o problema da educação passaria por determinar “coisas exequíveis” explorando novas alternativas, para que no futuro “o país fosse capaz de competir, e não apenas resolver o problema da dívida”. Deveria de haver, por parte do poder político, “a clarividência de perceber que não se podem resolver em dois ou três anos os problemas e as dívidas contraídas ao longo de décadas”, afirma Santana Castilho. A resolução do problema passaria também por perceber que há áreas onde não se podem fazer cortes, como na educação pois o Governo “não pode dizer que a educação é o futuro e que é preciso desenvolver e aumentar a quantidade de pessoas com ensino superior, se há um menor esforço dedicado à educação”, concluí Castilho.
Esta tertúlia, a que a Biblioteca Municipal já nos habituou nas últimas quintas-feiras de cada mês, teve como temática central “O estado da Educação: erros e alternativas”, e por objectivo “trocar impressões, dúvidas e partilha de problemas, tendo em conta a experiência na primeira pessoa, e também olhar algum caminho de resolução desses problemas”, explica Paulo Rosa, Vereador da Cultura e da Educação da Câmara Municipal da Covilhã.
A especial participação do convidado Santana Castilho permitiu a todos os presentes terem uma perspectiva diferente acerca da educação, contribuindo para o conhecimento pessoal de cada um, e para o enriquecimento da cidade da Covilhã.