Assinalar os pontos negativos das plataformas logísticas nacionais e avançar com algumas soluções foram as linhas que orientaram as intervenções de Augusto Mateus e Álvaro Costa, no âmbito de mais uma intervenção do Ministério da Defesa Nacional.
“Plataformas logísticas, transportes e comunicações: Portugal no centro do comércio mundial”, foi o mote deste evento que contou com a presença de Paulo Braga Lino, secretário de Estado da defesa. Uma iniciativa que decorre no âmbito dos vários debates realizados em algumas das academias portuguesas. A Universidade da Beira Interior acabou por ser uma das instituições escolhidas, sobretudo por alguns cursos de Engenharia que apresenta no seu leque formativo. Para os vários intervenientes, uma das principais apostas é precisamente nas instituições universitárias. Segundo os dois oradores, Portugal tem uma forte necessidade de iniciativas nos vários campos da Engenharia, mas também na formação de recursos humanos qualificados. Daí que Paulo Lino explique que estes debates, realizados no seio das academias e com a participação de todos os interessados sirvam para que “seja recolhida toda a possível informação estratégica. Tudo o que está a ser feito ao longo deste período tem como objetivo principal rever o nosso conceito de defesa estratégica nacional”. Face ao que tem vindo a ser produzido, “com toda a certeza que muitas mais matérias vão ser desenvolvidas, acrescenta ainda o representante estatal.
Na intervenção do antigo ministro da Economia foi defendida a ideia de que o futuro de Portugal passa por “se assumir como um território, como uma plataforma de conexão com outras paragens e com um papel muito mais ativo na distribuição do comércio internacional”. Augusto Mateus recorda que um milhão e meio de pessoas “trabalham com ligações ao setor das exportações. O grande desafio é fazer, por exemplo, da região de Sines, o que se fez da região de Singapura”. No anfiteatro das Sessões Solenes, onde decorreu a iniciativa, os oradores lembraram a importância do mar para a economia lusa. Mateus mostra-se incrédulo com as recorrentes políticas que apostam na rodovia, como solução para o transporte de mercadorias, “quando se tem a possibilidade de ligar Lisboa a Roterdão, por mar”. No âmbito das infraestruturas que servem de apoio ao território luso, um dos pontos em que mais se falhou “foi no dossier do novo Aeroporto de Lisboa”. No entender de Augusto Mateus, “teria sido melhor optar por construir esta estrutura que, conjugada com outras, iria trazer um crescimento colossal a uma grande área do território”.
Já para Álvaro Costa, professor universitário e especialista em transportes, “as estratégias nacionais têm estado desenquadradas da realidade”. Segundo o académico, “o transporte ferroviário não funciona, não só em Portugal como na Europa, porque está entregue ao público, gerido por empresas ineficazes e que não se focam no produto”. Pensar Portugal como um território europeu e onde se tem de conseguir oferecer um valor acrescentado, parece ser a solução para muitos dos problemas atuais. Costa aponta para uma estratégia de rigor e de longo prazo, mas também para a necessidade de “grandes projetos em várias áreas da Engenharia, nomeadamente na independência energética”. Segundo este docente universitário “temos sido um País extremamente dependente e para que todo este cenário se altere as universidades têm um papel fundamental. Veja-se o facto de sermos cada vez mais um País competitivo nos recursos humanos. As nossas formações conhecem o reconhecimento internacional e os nosso licenciados ganham também cada vez mais importância e reconhecimento no estrangeiro”, atesta.