Urbi@Orbi - São agora conhecidos os números de ingresso de novos alunos nas universidades, qual a sua leitura, no caso da UBI e em termos nacionais?
João Queiroz - No geral, estamos contentes com os muito bons resultados que a Universidade da Beira Interior obteve nestas colocações, tendo em conta que houve uma diminuição efetiva, como há muito não se via, no número de candidatos e também no número de colocados. Em termos relativos, a UBI ficou bastante bem, mesmo em relação às outras universidades do litoral, para já não falar das do interior. Mostramos assim uma qualidade e uma vitalidade que têm sido reforçadas nos últimos anos.
Há menos procura em algumas Engenharias, nomeadamente a Engenharia Civil, fruto de questões conjunturais e que se refletiu a nível nacional, mas diria que o resultado geral da Universidade da Beira Interior é brilhante, com o aumento da percentagem de primeiros colocados. Posso também relatar um caso muito específico que é o do primeiro aluno a entrar no curso de Medicina da UBI, formação que escolheu em primeira opção, e que apresenta uma média de 19,62 valores. Isso significa bem que os alunos nos começam a procurar pelas qualidades e por aquilo que a instituição tem demonstrado. A isso junta-se também o facto não menos importante de termos subido as médias de acesso em vários cursos. No caso das Engenharias, o facto de se ter adicionado a Matemática como específica, a nível nacional, afetou um pouco a procura e o número de colocados nesses cursos.
U@O - É uma situação, tal como diz, que se verifica, de forma transversal, em todas as academias nacionais. Quais as soluções para alterar este cenário?
J. Q. - É um problema que se verifica logo no Ensino Secundário, com os alunos a não conseguirem fazer Matemática, daí ter de existir um trabalho profundo e conjunto. Não tenho dúvida da qualidade dos nossos cursos, aliás tivemos recentemente o selo de qualidade europeu, Euro-ACE, quer para o curso de Engenharia Civil, quer para o curso de Engenharia Eletromecânica, temos também o mestrado integrado, que foi acreditado há bem pouco tempo, portanto não se coloca em causa a qualidade destas formações, mas percebe-se que os possíveis alunos, para além da dificuldade de cursarem Matemática também olham para o curso de Civil de forma negativa tendo em conta as poucas obras, o pouco emprego e a dificuldade que as empresas do sector estão a passar.
U@O - Para além dos alunos, outro fator fundamental para as universidades são os seus recursos financeiros. A tutela transfere cada vez menos verbas, a crise acentua-se, como é gerir tudo isso?
J. Q. - Tudo passa por fazer uma gestão com mais rigor. Nos últimos tempos isso levou a um aumento de receitas que a instituição consegue captar, quer diversificando as fontes, quer também aumentando o número de projetos aprovados e atividades de investigação. Toda a academia tem trabalhado para esta grande dinâmica através dos seus investigadores e das várias faculdades.
Neste momento temos menos orçamento para 2013, como é do conhecimento geral, vamos tentar que essa diminuição se reflita em coisas básicas de funcionamento, mas que não afete minimamente a qualidade dos cursos. Vamos ter de cortar e gerir um pouco mais cuidadosamente o funcionamento da universidade. Mas não estão em causa as pessoas, porque os recursos humanos e a ação social são fundamentais e para manter.
U@O - Precisamente nesse último aspeto, os cortes têm sido também bastante acentuados. Como está a UBI na ação social?
J. Q. - No geral, a ação social tem funcionado muito bem. Aproveito esta oportunidade para dizer que fizemos uma reorganização no Serviço de Ação Social, mas é preciso fazer mais. É preciso fazer mais para ir ao encontro do apoio social que os alunos da universidade precisam e isso significa uma gestão ligeiramente diferente, mas muito mais direcionada para o apoio aos alunos que mais precisam. Isso vê-se através das bolsas e dos apoios e da forma como estamos a gerir o processo do aproveitamento escolar, com o que lhes podemos dar em termos de apoio social.
Neste âmbito destacar o Fundo de Apoio Social que aprovei na passada semana e que gostaria que a comunicação social nos ajudasse a divulgar. Com este fundo qualquer aluno, bolseiro ou não bolseiro, que queira colaborar com a universidade, poderá ter um apoio significativo para o pagamento de propinas, para a alimentação e para o alojamento. Isso revela que a instituição os irá ajudar em tudo quanto for possível para que nunca deixem de estudar na UBI.
U@O - Como funcionará este fundo?
J. Q. - Temos de permitir que os alunos consigam tirar o seu curso, apesar das suas dificuldades financeiras. É uma aposta muito forte, uma articulação da reitoria com a ação social, com os presidentes das faculdades, com o presidente da associação académica, e estamos todos juntos num projeto aglutinador da academia e a única coisa que peço é que todos os alunos que necessitem de apoio social se dirijam até nós e tudo faremos para os ajudar.
U@O - Foi recente nomeado um administrador para a ação social. Porquê agora essa solução?
J. Q. - Notámos que havia necessidade de fazer mais no apoio social. Nos últimos anos preocupámo-nos muito com os alunos e com as suas necessidades, mas apenas isso não é suficiente e é preciso fazer mais, porque a conjuntura nacional e a crise financeira das famílias e das empresas leva-nos a estar mais atentos e a acompanhar de perto todos os processos que estão relacionados com os alunos da UBI.
U@O - Apresentou um projeto que se desenvolve em várias áreas, para além da parte letiva, também a investigação, a internacionalização, um maior relacionamento com a comunidade, entre outros. Há mais de três anos como reitor, qual o balanço?
J. Q. - Um balanço extremamente positivo. Neste momento sou um reitor feliz porque consegui implementar e mudar algumas das coisas que queria para a Universidade da Beira Interior, a saber: consegui reafirmar a qualidade e a importância da acreditação dos cursos, a importância da investigação no projeto de qualquer universidade, apostar em alguns nichos de excelência, na captação de mais projetos, mais financiamento do sétimo programa quadro, portanto fundos europeus, conseguimos uma maior interação com a sociedade não só em projetos desportivos, como culturais e outros. Diria que o balanço é extremamente positivo porque estão implementadas algumas medidas, ajustando e dinamizando, de forma diferente, a universidade.
U@O - É um projeto já terminado ou tem continuidade com uma recandidatura ao cargo?
J. Q. - Tenho assumido isso. Nós temos um projeto aberto, que ainda não terminou, onde há muita coisa que se está a fazer. Daí existir uma continuidade e a perspetiva de afirmar ainda mais estas linhas de ação e estratégias. Por isso mesmo serei candidato a reitor quando as eleições se proporcionarem, talvez para janeiro ou fevereiro do próximo ano, uma candidatura que assumo independentemente dos resultados que se vierem a verificar na eleição dos novos membros do Conselho Geral.