Responsabilizar cada aluno pelos seus atos e promover o respeito pela vida humana são os dois princípios base que estiveram na génese do documento agora subscrito por várias associações de estudantes. A academia beirã é uma das nove a assinar este documento que tem como função apresentar regras e algumas formas de responsabilização, no que diz respeito às praxes académicas.
Os últimos anos têm sido marcados por incidentes no arranque das aulas. Veteranos que acabam por se exceder e transformam as praxes dos novos alunos das universidades em momentos de violência física e psicológica. Foram vários os grupos de estudantes, que integram as comissões de praxe nas universidades, a pensarem na criação de um documento desta natureza.
Segundo os promotores, a partir de agora, cada aluno será responsabilizado de forma individual pelos seus atos aquando das praxes ou de alguns incidentes que possam ter lugar nestes períodos. Esta medida vai fazer com que se possam encontrar os responsáveis em caso de incidentes. Outro dos pontos fortes do novo dossier orientador é o da promoção dos direitos humanos. Uma temática que se centra essencialmente no modo como são dirigidas algumas atividades integradas na praxe e o respeito por todos quantos não se mostrem a favor deste tipo de tradição. A carta de intenções será assinada pelas academias de Évora, Porto, Aveiro, Minho, Beira Interior, Trás-os-Montes e Alto Douro, Leiria e Coimbra, numa cerimónia em Coimbra, para a qual está convidado o ministro da tutela e os reitores das academias envolvidas, diz o jornal Público.
Pedro Bernardo, presidente da AAUBI, sublinha que a intenção dos membros da “Casa Azul” vai no sentido de ter um período de praxes “regrado e com contenção”. O presidente dos estudantes sublinha, todavia, que “a AAUBI não é contra as praxes, mas defende que estas não devem ser veículo de humilhação de ninguém”. Bernardo explica que o momento da praxe deve ser visto “como forma de integração numa nova cidade, numa nova vida. É claro que um ou dois maus exemplos fazem com que se pense que toda a praxe seja negativa”, reitera.
Recorde-se que cada academia tem na sua estrutura um organismo regulador da praxe. Uma situação que irá manter-se, mesmo com a subscrição deste documento, estando por isso salvaguardada a independência de cada instituição. Para os subscritores do documento, trata-se de mais um passo na regularização da praxe.