Ao longo do seu período laboral os trabalhadores do sector têxtil descontam uma verba do seu salário para um fundo de pagamento de medicamentos. Este processo faz com que os reformados deste sector tenham a comparticipação da Segurança Social no momento de recorrerem às farmácias e necessitarem de produtos médicos.
Contudo, a mais recente medida do Ministério da Saúde vai no sentido de contrariar esta prática. As pessoas até aqui abrangidas pela medida têm agora de pagar os medicamentos, apresentar depois a fatura no respetivo centro de saúde e esperar que o dinheiro lhes seja restituído. Para o sindicato, tal situação representa um claro ataque aos direitos adquiridos dos trabalhadores.
A comparticipação dos medicamentos fica agora condicionada ao pagamento posterior dos mesmos. Para Luís Garra, responsável pela entidade sindical, “isto é apenas o início de um processo, porque estamos a lidar com um governo que pensa ter legitimidade para tudo. É um governo salazarento e de cariz fascista, de canalhas sem coragem”. O sindicalista lembra que este caso representa um direito adquirido pelos trabalhadores ao longo de décadas de trabalho e descontos feitos para que a comparticipação fosse possível através das farmácias. “Este governo entendeu revogar o despacho feito pelo governo anterior sem qualquer razão. Penso que se nós não lutamos este governo vai deixar de pagar definitivamente os nossos medicamentos, tirando-nos um direito para o qual trabalhámos”, atesta.
Nesse sentido, a solução “está bem à vista” e Garra diz que passa por “voltar ao que estava”. Nos próximos tempos, os responsáveis sindicais vão promover um abaixo assinado entre os reformados da indústria têxtil, mas também os trabalhadores no ativo, uma vez que esta medida também afecta estas pessoas, vão utilizar o livro de reclamações dos vários centros de saúde da região, pedir audiências aos grupos parlamentares e mostrar “que existe luta”.
Perante as várias dezenas de reformados que marcaram presença no protesto, Luís Garra lembrou ainda a posição de alguns agentes locais. Segundo o dirigente sindical, a manifestação que decorreu aquando da visita do ministro da Economia levou alguns a desconsiderar o protesto e afirmar que foi um ato de vergonha. Mas, “o que envergonha a Covilhã é o silêncio dos cúmplices que estão ao lado de um governo que rouba os reformados. Vergonha para a Covilhã é estes eleitos estarem calados e serem lacaios de ministros que roubam e tiram a olhos vistos”, remata.