O mais recente estudo do Observatório Económico e Social da Universidade da Beira Interior aponta para um crescimento significativo no número de pessoas sem emprego, em Castelo Branco. Esta estrutura dirigida por Pires Manso, professor catedrático da academia beirã, analisou as três principais cidades da beira Interior e o comportamento destas no que diz respeito ao número de desempregados.
Segundo a recolha feita pelo observatório, a Covilhã continua a liderar o número de desempregados. No final do mês de junho, estavam sem conseguir trabalhar 3596 pessoas. Os dados recolhidos junto do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) e do Instituto Nacional de Estatística (INE) acabam por dar uma “certa continuidade” nas taxas que habitualmente se registam na cidade serrana. Pires Manso lembra que nos últimos anos, apesar de ter registado sempre a maior taxa de desemprego, “a Covilhã mantêm praticamente a mesma fasquia, existindo até alguns períodos de decréscimo”. Pires Manso acrescenta que, “o que acontece se nós compararmos os níveis de desemprego e a trajetória ao longo dos primeiros seis meses do ano e nos três concelhos é que a Covilhã continua a ser a campeão do desemprego, apresentando sempre um número mais elevado que as outras duas cidades. Mas o número de desempregados na Covilhã está praticamente estabilizado desde há vários anos, existindo mesmo períodos em que os números médios diminuem”.
O mesmo parece já não estar a acontecer na capital de distrito. Segundo os números recolhidos pelo observatório, no mês de junho, existiam 3201 desempregados inscritos na cidade albicastrense. Um número que faz com que a taxa desta cidade tenha disparado. Para o catedrático de Economia, a explicação é simples e reside nos últimos acontecimentos, como o encerramento do call-center da segurança Social e também na possibilidade de deslocalização de algumas multinacionais que estão instaladas naquela zona da região. Das três cidades em estudo, em Castelo Branco, “a situação nunca foi tão difícil. Depois de vários indústrias e empresas apostarem e bem na estrutura desenvolvida pela câmara, no sentido de ali sediar as empresas, estas têm vindo a fechar portas com cada vez maior frequência. Para grande surpresa minha, quando estudei os números reparei que desde 2008, o maior aumento de desemprego registou-se em Castelo Branco, de entre o conjunto destas três cidades. Isto pode evidenciar que o modelo de crescimento que aquela cidade adotou se está a esgotar e muitos dos empregos efetivos podem acabar, levando a uma situação ainda pior”, atesta o docente da UBI.
Já no caso da Guarda, registavam-se no mesmo mês, um total de 2633 desempregados. A cidade mais alta do País, “tem mantido um crescimento constante e em certos períodos, até bastante acentuado, nas taxas de desemprego; que tem sido estimulado à custa das empresas como a Delphi e outras que tinham mais de três mil colaboradores, há alguns anos, e agora encerraram portas”, remata Pires Manso.