Urbi@Orbi – O período de acesso à universidade, para novos alunos, está já a decorrer. Como foi preparado todo esse processo?
Luís Taborda Barata – A faculdade tem estado sempre alerta para captar os melhores alunos. No nosso caso, os cursos continuam a ser bastante atrativos para os alunos, sobretudo o de medicina, pelo que temos candidatos de todo o País.
Mesmo assim, a mensagem que temos tentado passar é de que o nosso sistema se diferencia de outros por uma certa inovação do ensino em si, com um programa extremamente rigoroso que é importante para a prossecução de objetivos profissionais futuros. Essas são mais valias que tentamos deixar claras quando tentamos atrair novos alunos.
U@O – Existem novas regras na distribuição de vagas e em algumas provas de ingresso. Na oferta formativa desta faculdade, podem vir a ser registadas algumas mudanças?
L.T.B – O ensino universitário tem de ser encarado como algo dinâmico. Muitas vezes é necessário redimensionar a oferta. Para já, esse não é um problema que se aplica à nossa faculdade, mas isso não significa que nós não tenhamos a preocupação de repensar os cursos tendo uma dinâmica constante para tornar estas formações mais apelativas.
Acima de tudo, o mais importante é que se continue a pensar sempre numa situação onde exista necessidade de atrair candidatos para a nossa faculdade e para a nossa instituição. Só isso nos permite ter um cunho competitivo e oferecer algo que complemente esse perfil de inovação e de qualidade. Portanto, apesar de termos muitos mais candidatos do que as vagas que abrimos, temos sempre essa preocupação.
U@O – Sente que essas inovações conseguiram criar um lugar próprio para a FCS no panorama nacional?
L.T.B – O feedback tem sido excelente. Posso dar o exemplo do curso de medicina, onde os alunos que conseguiram aqui o seu mestrado e que estão no mercado de trabalho têm já níveis de interação nos serviços hospitalares e nos centros de saúde primários. Aquilo que se passa é que o retorno tem sido muito bom. Desde os diretores de serviço até administradores hospitalares falam dos nossos alunos como profissionais bem preparados com grande capacidade de integração de conhecimentos, de interagir com outros profissionais e de raciocinar em termos clínicos sobre os problemas que lhes são colocados.
U@O – Uma das áreas que mais importância tem assumido no seio da academia é a da investigação. Que principais iniciativas destaca na sua faculdade?
L.T.B – Esse é um aspeto crucial. O nosso Centro de Investigação em Ciências da Saúde tem tido avaliações muito boas e estamos esperançados que estas melhorem e tenham a classificação máxima. Esta estrutura é muito importante para o normal funcionamento da faculdade, os docentes fazem parte do corpo de investigadores deste centro e os alunos fazem os seus trabalhos nos vários níveis da sua formação através do CICS. Algo que permite ter vários projetos que vão desde a molécula à cabeceira do doente. Isto é a investigação de translação e é crucial ter também alunos de várias áreas a trabalhar em equipas multidisciplinares.
Mas não podemos ver a investigação só como ligada ao CICS. Estamos articulados com hospitais e centros de saúde da região e lançámos muito recentemente uma proposta de implementação e de maior articulação em termos de investigação extra CICS, isto é, investigação mais clínica, epidemiológica e estão identificados responsáveis pela investigação nas diferentes instituições e nós começamos um programa de reuniões conjuntas por forma a maximizar os nossos esforços e criar sinergias.
U@O – E como vai ser o papel do UBImedical?
L.T.B – É já uma peça crucial em todo o planeamento do nosso trabalho e de estratégia futura. Certamente que o é para a universidade, é para a faculdade, de uma forma mais específica, porque permite complementar a medicina de translação.
Tem também uma outra vertente que é crucial, que se trata do empreendedorismo, geração de novas empresas e criação de estratégias e parcerias que podem resultar, de uma forma extremamente útil, para a população.
U@O – Passado algum tempo após as alterações introduzidas nos cursos pelo Processo de Bolonha, qual a sua opinião sobre este tema, e mais especificamente, sobre os cursos da sua faculdade?
L.T.B – A maior parte dos cursos que temos aqui foram criados de raiz tendo por base a filosofia de Bolonha. Precisamente por isso não se registaram mudanças radicais, pelo contrário, houve um encontro perfeito entre esse espírito e aquilo que exigíamos e que implicava horas de contacto com os alunos, períodos de discussão, interação, multidisciplinariedade e integração de conteúdos.
U@O – Alteraram-se licenciaturas e alargou-se o número de cursos de pós-graduação. A oferta formativa está agora mais ajustada às necessidades ou pensa que deveria sofrer algumas melhorias?
L.T.B – Mais do que alargar é necessário consolidar a formação que temos. Os nossos programas de terceiro ciclo ainda são muito recentes, mas já temos boas teses a serem desenvolvidas, em medicina, biomedicina e ciências farmacêuticas. É possível que se alargue a oferta para mais um ou dois cursos que consideramos fundamentais. Tudo isto consolidando a oferta formativa e o máximo grau de qualidade. O nosso nível de exigência é muito elevado, mas isso é crucial.
U@O – Com o desemprego jovem a aumentar a atenção colocada nas taxas de empregabilidade das universidades tem sido cada vez maior. No caso dos cursos desta faculdade os alunos têm boa colocação no mercado de trabalho?
L.T.B – Essa é uma realidade que nos preocupa e que pode estar cada vez mais presente, isto é, o não haver empregabilidade a 100 por cento, pelo menos nos moldes antigos. É necessário existir remodelações, novas distribuições. Tudo isto muito bem ponderado para que não se prejudiquem as populações. Depois de tempos de grande fartura temos de conseguir prestar os nosso serviços sem lesar o bem comum.
U@O – As ligações ao exterior, nomeadamente a unidades hospitalares e outras instituições, são vetores chave apontados pelos académicos para o sucesso das universidades. De que forma têm desenvolvido esse tipo de relação?
L.T.B – A postura tem de ser sempre a de sair das nossas paredes. Interagir e partilhar conhecimento é a forma de cumprir o papel da universidade, da universalidade. Obviamente que nesta área a ligação a outras entidades é crucial e aqui temos estado bem em muitos projetos. Daí considerar já esta uma grande escola de saúde e de toda a comunidade. Neste momento temos algumas experiencias com mais hospitais e outros centros de saúde, até porque a dinâmica assim o exige. Mas o que nos interessa é dinamizar ao máximo esta estrutura que é polo de saúde da Beira Interior.