Um grupo de investigadores da Universidade da Beira Interior pode vir a desenvolver trabalhos de investigação junto à capela de Nossa Senhora da Estrela, na freguesia da Boidobra. Recorde-se que existiu ali, durante mais de dois séculos, um mosteiro das Ordem de Cister.
Ana Martins, docente no Departamento de Engenharia Civil e Arquitetura da UBI, tem trabalhado, ao longo da última década, nesta área. A docente e autora da obra agora apresentada, sublinha que existe uma forte possibilidade de se encontrarem vestígios deste mosteiro naquele espaço. Para setembro ou outubro, a docente e outros investigadores da instituição devem avançar para o terreno no sentido, “não de produzir um trabalho de escavação ou de monta semelhante, mas procurar, através de técnicas específica, vestígios e provas da existência do mosteiro e criar um catálogo indicativo disso mesmo”. No entender de Ana Martins, “tudo aponta para que aquele seja um local preciso, “até porque temos a toponímia a indicar isso, como é o caso da “Quinta da Abadia” e com toda a certeza que deverá existir qualquer vestígio”.
Esta é mais uma ajuda no estudo da Ordem de Cister e dos seus mosteiros em Portugal. O livro agora apresentado tem como principal conclusão “precisamente a falta de estudos sobre a ordem cisterciense em termos nacionais e nas beiras, em particular. Esta foi uma ordem que teve a ver com o princípio da nacionalidade e por isso ajuda-nos a perceber como foi possível consolidar o território e temos muito mais lugares no Norte e Centro, do que no Sul, isto porque, uma vez que se ia fazendo a reconquista íamos tendo a implantação destes mosteiros”.
Para a autora e investigadora , “neste momento temos os mosteiros cistercienses mais esquecidos e cabe-nos agora repescar esta memória e trazê-la aos nossos dias, como é o caso do Mosteiro de Alcobaça, um dos poucos lugares portugueses património da humanidade, e acaba por ser um dos melhores exemplares de Cister”. No que diz respeito a projetos futuros, Ana Maria Martins espera também publicar, em breve, a sua tese de doutoramento. Um trabalho de pesquisa de vários anos que vem colmatar uma lacuna na área, isto porque, “existem alguns trabalhos em história, sobre a Ordem de Cister, mas em arquitetura não há, daí que se torne uma peça importante para ter uma visão em conjunto destes mosteiros”.