Há uma década a academia dava os primeiros passos nas áreas de redes, multimédia e ciências de base para as telecomunicações. Atualmente, a Universidade da Beira Interior conseguiu um corpo docente qualificado e um conjunto de estruturas que lhe permitem estar ao mais elevado nível no que diz respeito a investigação e desenvolvimento de novas tecnologias de informação e comunicação.
Foi também há dez anos que três docentes da jovem instituição pensaram abraçar o desafio de instalar na Covilhã um pólo do Instituto de Telecomunicações. Fernando Velez, Mário Freire e Abel Gomes passam em revista um conjunto de momentos que marcam a história do IT e lembram a razão da aposta numa estrutura deste género. “O IT já era uma realidade nacional de dez anos e nós sabíamos com o que poderíamos contar. Tínhamos uma clara noção de uma universidade que estava a dar os primeiros passos e que estávamos aqui a iniciar uma nova aventura. Percebemos que se queríamos ter uma investigação, uma cultura de investigação e financiamento ao nível do que melhor se faz em Portugal e na Europa era isso que era preciso”, declara Fernando Velez, ao falar das razões que levaram à instalação de um pólo na Covilhã. “A forma de estar no mundo da investigação, a liberdade de escolher as áreas, o pertencer a outros desafios são tudo formas que acabaram por estar presentes na nossa postura. Para além de termos uma infraestrutura própria, equipamento, entre outros, o IT acaba por ajudar as pessoas nesse sentido e importámos o ambiente que existia noutros pólos, com uma cultura de investigação e uma liberdade enorme, com um espaço de ação bastante amplo”, acrescenta Abel Gomes, chefe da delegação da Covilhã.
Ao longo destes dez anos, o IT-Covilhã evoluiu de laboratório externo para delegação, tendo-se também concretizado a passagem da UBI a associada institucional do IT. A delegação da Covilhã é atualmente formada por cerca de 24 investigadores doutorados e 35 alunos de doutoramento, membros de seis grupos de investigação: Radio Systems, Network Architectures and Protocols, Multimedia Signal Processing, Pattern and Image Analysis, Applied Mathematics e Power Systems.
“Quando criámos o IT Covilhã, o projeto principal, estruturante e agregador, foi o projeto de reequipamento da FCT que na verdade, para nós, era de equipamento inicial porque estávamos a começar do zero. Isso permitiu-nos ter acesso a ferramentas capazes para iniciar os trabalhos dos três grupos de investigação originais, que eram nas áreas das redes móveis e sem fios, do multimédia e das redes cabladas. Actualmente, a nossa intervenção baseia-se numa política de qualidade, onde se faz uma investigação séria que não passa apenas por publicar a alto nível, mas sim, por criar massa crítica e desenvolver o que existe”, reitera Fernando Velez.
Para o futuro tudo aponta no sentido de se criar um edifício que assegure o crescimento desta delegação. O” nosso objetivo maior desde sempre foi a de criar aqui uma estrutura própria, com as nossas verbas, para que possamos continuar como até aqui. Isto para atrair indústria na área dos serviços de telecomunicações e informática, eletrotécnica, entre outras, isso está a acontecer. Mas nós ambicionamos mais e pretendemos que se instalem aqui grandes indústrias com necessidade de engenheiros e de formação. Pretendemos assim um centro de investigação onde estejam agregados pólos de investigação com as empresas para podermos vir um dia a falar num cluster desta área”, atesta Abel Gomes.
Durante estes 20 anos, o IT conseguiu congregar saberes e capacidades no sector das telecomunicações dispersos por grupos de investigação diferentes em Portugal e construir uma instituição sólida que se perfila como uma referência nesta área. Durante este período, o desafio de reunir investigadores de universidades e empresas distintas materializou-se numa rede de investigação em telecomunicações criativa e dinâmica, com uma equipa excecional que conta, hoje em dia, com mais de 200 investigadores doutorados, 200 alunos de doutoramento e 400 alunos de mestrado, em termos nacionais.