Aproveitar os veículos que circulam nas estradas para servirem de estruturas transmissoras de dados independente da estrutura física (fixa) de rede é a principal meta do mais recente projeto liderado por Joel Rodrigues. Este docente coordena o “Next Generation Networks and Applications Group” e foi no seio deste grupo de investigação que foi crescendo a ideia de utilizar os automóveis e demais veículos como meio de transmissão de dados, podendo também ser geradores e consumidores.
Toda a tecnologia passa por aproveitar as estruturas dos veículos, como são por exemplo as antenas e os computadores de bordo, colocando-lhe esta tecnologia para que seja possível ter um ponto móvel receptor e transmissor de dados. Com esta inovação, já a ser testada em parceria com um dos maiores construtores mundiais da indústria automóvel, abre-se a possibilidade de ter um vastíssimo leque de ações realizadas pelos automóveis. Joel Rodrigues explica que “as VDTNs se caracterizam por ser uma tecnologia em que podemos oferecer comunicação de dados através dos veículos sem necessidade de recorrer a uma infraestrutura fixa. Todo um leque de serviços de apoio à condução e segurança rodoviária podem ser propostos recorrendo a esta inovação”.
Para além disso, há ainda passos mais largos que estão a ser dados por esta linha de investigação. Este modelo pode ainda ser aplicado a outros meios de comunicação como os barcos e os aviões. Recorrendo a esta tecnologia, designada por “VDTN”, passa a ser possível “levar também a informação e a ligação à Internet a zonas rurais remotas, que de outra forma não teriam acesso à Internet”. Neste momento, a FIAT está já a abraçar a iniciativa que teve origem na UBI e aposta no desenvolvimento de um demonstrador real, em parceria com a instituição beirã. O grande objetivo é que “no futuro, este tipo de solução esteja presente em todos os automóveis”, atesta Joel Rodrigues. O docente do Departamento de Informática acredita que o futuro desta área, no que diz respeito a veículos automóveis, passe por este tipo de estruturas móveis (e cuja conectividade pode ser aumentada com infraestruturas fixas) que interagem entre si, oferecendo uma solução de mobilidade para redes veiculares.
Todos estes desenvolvimentos podem ser utilizados em ambientes urbanos, “onde se pode transmitir infotainment, informação sobre o trânsito, registo de sinistros, zonas perigosas, entre um vasto conjunto de temas e domínios de aplicação”. Tudo isto, entre automóveis que comunicam e facilitam a comunicação. E também em ambientes rurais “podemos, através dos veículos, oferecer ligação à Internet ou soluções de telemonitorização e telemedicina, em zonas onde não existe essa ligação”. Além disso, esta tecnologia também pode ser extremamente útil em situações de catástrofe, onde as tradicionais estruturas de comunicação ficam danificadas e impossibilitadas de operar, e “os veículos, incluindo da proteção civil e da polícia, podem servir de meio de transmissão alternativo a essas redes”.
Toda esta tecnologia está a ser trabalhada na instituição através de modelos laboratoriais e reais e, com o apoio da FIAT, poderá estar integrada no mercado automóvel, num futuro próximo. Para além do aspeto inovador da ideia, já registado em patente, o trabalho que foi desenvolvido em torno desta matéria contribuiu já para a realização de uma tese de doutoramento e várias de mestrado, para além de um considerável número de trabalhos científicos publicados em revistas e conferências internacionais da especialidade. Para chegar aqui, a investigação também contou com o apoio de um projeto interno do Instituto de Telecomunicações e de um projeto da Rede de Excelência Euro-NF (EU-FP7).