A edição do mês do maio do Café Literário contou com a presença do escritor Manuel Jorge Marmelo, autor de livros como “As mulheres deviam vir com livro de instruções” e “O amor é para os parvos”. O jornalista de “O Público” veio no dia 15 ao café Montiel, falar da sua obra e do seu mais recente livro, “Uma mentira mil vezes repetida”.
Antes da introdução do também escritor Manuel da Silva Ramos, o quinteto de metais da EPABI (Escola Profissional de Artes da Beira Interior) foi o convidado musical e começou por tocar “The Washington Post”, música de circo e que “curiosamente”, como referiu o apresentador, está relacionado com a temática do novo romance de Manuel Jorge Marmelo.
A sessão prosseguiu com a habitual introdução de Manuel da Silva Ramos, que escolheu cinco dos dezasseis livros do portuense para elucidar o público acerca da sua obra. “Literatura torturante, literária” foi uma das expressões proferidas por Manuel da Silva Ramos para se referir ao estilo de Manuel Jorge Marmelo. Depois do questionário Proust, foi a vez de dar a palavra ao convidado que depois de ouvir a música “Yesterday”, interpretada pelo quinteto de metais, admitiu que esta lhe fez “lembrar os momentos que passou na Covilhã, há 22 anos atrás”.
“Escrevo muito sobre o Porto, é inevitável”, explica o autor nascido e criado na cidade Invicta e onde até hoje vive e trabalha, acrescentando que os seus livros “têm de estar ambientados na cidade que melhor conheço”. Jornalista de profissão, admite que gosta mais de ser escritor do que de ser jornalista. “Aquilo que paga as contas lá em casa é o jornalismo”, refere Manuel Jorge Marmelo, que acrescenta que “dificilmente seria escritor, se não tivesse sido antes jornalista e não tivesse adquirido uma prática diária de escrita”. Acredita que se não tivesse acontecido o 25 de Abril, provavelmente não seria escritor. “É quase milagroso que me tenha tornado escritor, porque venho de uma família de analfabetos ou semianalfabetos e foi graças ao 25 de Abril que o ensino se tornou universal e gratuito”, permitindo-lhe “conseguir ter instrução”.