Quem procura pelos vestígios judaicos na Internet “pouco ou nada de relevante encontra sobre a região da Beira Interior”. A par da falta de informação há ainda “uma grande falha por parte das autarquias, que nas suas páginas oficiais nada colocam sobre o património judaico no seu território”, acrescenta o investigador.
Numa conferencia apresentada na Universidade da Beira Interior, Krakover começa por explicar que existe um forte incremento no que diz respeito ao turismo judaico e a tudo o que diz respeito com esta cultura. O número crescente de visitantes tem feito com que diversos países apostem neste património e tenham rede coordenadas de promoção turística. Já no que diz respeito a Portugal e mais propriamente à Beira Interior, o docente aponta a falta “de estruturas mínimas, como por exemplo, rotas turísticas, campanhas de promoção dos vários lugares e monumentos e todo um conjunto de estudos sobre esta comunidade”. A presença na academia teve efetivamente, como finalidade, a sensibilização da comunidade científica para o desenvolvimento de mais estudos sobre o património judaico. Docentes do Departamento de Gestão e Economia da Universidade da Beira Interior aceitaram o desafio e devem integrar, a breve trecho, alguns projetos conjuntos com a Universidade Ben-Gurion, com o intuito de promover investigações e orientações para esta área.
Krakover falou ainda da pesquisa que tem feito em torno da comunidade judaica na região. No caso de Belmonte, um dos concelhos mais associados a esta comunidade, “tem sido feito algum trabalho, mas nada de relevante”, aponta o docente. A atestar esta opinião esta o facto de não ser possível encontrar rotas culturais, pacotes coordenados de visita a museus, sinagogas, edifícios, entre outros. A Guarda acaba também por estar a este nível, com alguma informação disponível na página oficial da autarquia e também em algumas ruas da cidade. Bem pior parece ser o cenário “em todas as outras localidades como Linhares da Beira, Gouveia, Covilhã, Sabugal, etc.”.
Quem também parece apresentar esta opinião é Graça Ribeiro, proprietária de um espaço de turismo rural localizado em Caria. Sublinha que grande parte dos seus hóspedes desloca-se à região “com a curiosidade de ver onde nasceram e viveram os seus antepassados e toda a cultura associada a estas comunidades”. Segundo esta empresária hoteleira de turismo rural, “aquilo que as pessoas querem vir ver é a judiaria, a sinagoga, o bairro judeu e é mau quando verificam que não existe nada organizado. A Guarda tem algum trabalho feito com a marcação de locais, mas o resto nada. Não há qualquer visita organizada com a temática do judaísmo ou herança judaica e muito dificilmente se encontra um percurso turístico ou um pacote que inclua essa vertente. Algumas coisas estão a ser feitas, mas isso são apenas intenções e há muita falta de trabalho em rede, de região turística”. A questão do turismo cultural começa a ganhar cada vez mais importância, mas ainda assim, as entidades oficiais não apresentam um projeto integrado de criação de eventos à escala regional.