Promover a integração cívica de crianças acolhidas por instituições de solidariedade social é a principal meta do projeto “Fun Fit Friday”. Um evento que tem nas práticas desportivas o seu ponto forte de alcance de um objetivo final.
A Universidade da Beira Interior, através do Departamento de Ciências do Desporto, tem vindo a abraçar esta iniciativa de caráter internacional. Dina Miragaia é a docente responsável por toda a logística deste desafio. A docente conta com um grupo de alunos que acabam por prestar apoio na organização das atividades desportivas destinadas às crianças desfavorecidas e também no contacto com os vários parceiros. Neste campo, um conjunto de instituições e empresas que prestam os seus serviços de forma gratuita.
Pelo segundo ano consecutivo a decorrer na instituição beirã, as crianças da Casa do Menino Jesus, na Covilhã, tiveram oportunidade de realizar diversas atividades num ginásio da cidade, praticar jogos lúdicos e desenvolver ações de grupo por várias semanas. Tudo para que “através do desporto e das práticas de grupo se consigam proporcionar momentos de integração e de pedagogia”, começam por explicar os promotores da ideia. Tudo para levar as crianças a desenvolverem componentes tão importantes como a motivação e a autoestima, para além, dos valores sociais e da integração em sociedade.
Objetivos que apenas foram conseguidos “graças ao envolvimento dos alunos e dos parceiros institucionais”. Dina Miragaia sublinha que “na primeira edição houve uma forte aposta em termos logísticos e este ano foi fazer algo semelhante. Devido à crise em que vivemos, não posso deixar de recordar que tudo isto só foi possível com a generosidade de muitas das pessoas e entidades envolvidas neste desafio. O projeto está em forte crescimento, para se ter uma ideia, este ano tivemos 12 patrocinadores, mais cinco que no ano passado. Tivemos um conjunto de entidades locais, e não só, que nos foram apoiando nas necessidades que tivemos ao longo de todo este período”.
Para a principal responsável pelo Fun Fit Friday, “a grande mais valia deste desafio é precisamente isso, agregar um conjunto de interesses de vários pontos e com eles conseguir oferecer a um conjunto significativo de crianças desfavorecidas, momento de aprendizagem, de brincadeira e de vivência, que de outra forma não conseguiriam”. O sucesso do evento é tal que Dina Miragaia aponta já algumas novidades para edições futuras. Novidades essas que passam por “incorporar outro tipo de profissionais e investigadores. Psicologia, sociologia, economia e gestão são apenas algumas das diferentes áreas em que estamos a pensar alargar o evento em que ganham todos em termos de investigação e ganham as crianças com as atividades. Outro dos desafios futuros é passar este programa para um público de idosos, porque na região ainda existe um conjunto muito reduzido deste tipo de eventos e universidade tem de ter aqui um papel importante”.
Ana Alves, responsável pelo ginásio “In Corpore Sano”, que cedeu as suas instalações, equipamentos e profissionais, para as atividades desportivas com as crianças, assume que este tipo de parcerias servem “para transmitir as essências da nossa marca. Um dos pontos positivos foi precisamente o de disponibilizar os nossos espaços, a custo zero, desde que os professores estivessem disponíveis e as horas fossem compatíveis com o normal funcionamento do nosso ginásio”. Ainda assim, aquela responsável que teve a colaboração neste desafio de Carlos Almeida e Catarina Mendes, também do “In Corpore Sano”, lembra que “a região ainda dá pouco valor a este tipo de atitude por parte das empresas e instituições”. Nesse sentido “terá de existir uma maior visibilidade das entidades envolvidas. Isto é, estas iniciativas, usualmente, têm o cunho da universidade, mas as restantes instituições acabam por ficar de fora e isso é um ponto que terá de ser alterado. Com estas situações acabamos por ter também algum impacto positivo e ganhar também experiência e enaltecer o conteúdo do ginásio”.
Esta iniciativa contou ainda com o trabalho de Fábio Paiágua e Luís Marques. Os dois alunos de Ciências do Desporto desenvolveram todo um conjunto de atividades de preparação e calendarização das atividades. “Ao início foi uma experiência complicada com o esforço de organizar todas as coisas. Só quem está por detrás deste tipo de organização é que tem noção do necessário para desenvolver este tipo de projeto. Mas o balanço foi bastante positivo, todos os professores ajudaram e os patrocinadores também. Este é um projeto desenvolvido no apoio social e com pessoas que estão dispostas a ajudar as crianças”, atesta Fábio Paiágua. Já Luís Marques destaca o facto de terem partido para este desafio com o objetivo de “melhorar alguns pontos dos anos anteriores, algo que se pensa ter sido conseguido. Sem o apoio de todos não teríamos conseguido, mas isso também nos leva a ter uma experiência única com a organização de uma atividade destas”, resume. Para estes futuros profissionais da área, o evento serve também como forma de aprendizagem de todo um conjunto de parâmetros essenciais a qualquer atividade desportiva.