Maria Assunção Vaz Patto começou por apresentar o estado clínico de alguns doentes com esta patologia. A idade dos pacientes oscilava entre os 18 e os 60 anos, mostrando que a doença geralmente se manifesta no adulto jovem, com diversos sintomas, um deles é a falta repentina de visão. A esclerose múltipla é uma doença neuro degenerativa, que ataca principalmente o Sistema Nervoso Central. “Os nervos do Sistema Nervoso Central estão envolvidos numa bainha, que é uma camada protetora, e essa camada é destruída por um processo inflamatório que não sabemos de onde vem. E depois, além de destruir a camada protetora começa a destruir os nervos. A função do nervo torna-se muito mais lenta, ou acaba mesmo”, explica Vaz Patto.
A neurologista falou também de alguns sintomas, como “perda de visão súbita de um olho, com ou sem dor, síndromes vertiginosos, falta de força ou sensibilidade num braço ou numa perna, cansaço muito grande que não se percebe a não ser num contexto orgânico. Muitos dos sintomas podem parecer AVC”, refere.
Seguiu-se Maria de Jesus Mata. Foi professora de Português e Francês no segundo ciclo do ensino básico e, desde que reconheceu um sintoma anormal que mantém um diário dedicado à doença. Durante a sua palestra leu a primeira página desse diário. Tudo começou dia 23 de outubro de 2003, durante uma aula de Português onde teve sintomas semelhantes aos de um AVC. Quando soube da sua patologia, teve de parar a sua atividade profissional, pois a fala ficou afetada e era importante na sua ocupação. “A doutora Assunção Vaz Patto foi a minha salvação”, desabafou.
Maria de Jesus confessa que no dia-a-dia se depara com problemas temporais. “Na minha rotina diária, o lavar, pentear, vestir fazem-se razoavelmente mas de uma maneira mais lenta. Quanto às tarefas como a lida da casa também se fazem mas não posso ser, de maneira nenhuma, pressionada a nível de tempo”, refere. “Os tratamentos são muito dolorosos”, remata quando confrontada com a pergunta.
Joana Ferreira, coordenadora do departamento de solidariedade social do MedUBI, explica que este tipo de iniciativas são importantes pois é “extremamente pertinente aliar um pensamento médico a um pensamento mais social”. Também salienta a importância de sensibilizar as pessoas para uma realidade diferente e então trabalham nesse sentido. O tratamento de um doente com esclerose múltipla custa entre os 1200€ e os 1500€ mensais, valor bastante elevado para a maioria das famílias portuguesas. Para já, as terapêuticas são custeadas por inteiro pelo Estado.