Segundo os responsáveis pelo evento, cerca de 350 espectadores assistiram, no Teatro das Beiras da Covilhã, à 1ª Mostra da Oficina de Teatro. Uma performance cultural que resulta na apresentação de um ambicioso espetáculo e exercício final, “Bodas de Sangue” de Federico Garcia Lorca, pela Oficina de Teatro do Teatro das Beiras.
Recorde-se que esta oficina iniciou a sua atividade em setembro de 2011, com a participação de 14 pessoas, com faixas etárias diversificadas, entre os 12 e os 60 anos. Foram objetivos iniciais, desta oficina, nas palavras do jovem encenador, também ator desta companhia, Pedro da Silva, “ a formação de público e a ligação à comunidade onde se insere o Teatro das Beiras”. Objetivos “plenamente conseguidos, também, pela grande adesão de espetadores”.
Ainda segundo Pedro da Silva, o objetivo maior, a encenação e mostra desta peça de Lorca, foi o facto desta remeter para “problemas que hoje vivemos, como o domínio de um pensamento capitalista e de ordens sociais ligadas a um poder opressor, a falta de humanidade ligada ao pensamento egoísta e consumista onde o outro apenas serve para servir os interesses individuais de cada um.” Afastando, porém, a peça de qualquer intenção moral mas como uma chamada de atenção para o mundo cristalizado numa fala de um lenhador da peça: “vale mais morrer dessangrado que viver com ele podre.”
Ao longo de todo um processo, os participantes fizeram experiências diversificadas, associadas à atividade dramática e performativa, desde dinâmicas de grupo, um cuidado trabalho de texto, envolvimento na linguagem dramática, exercícios de improvisação e de construção e criação de personagens, passando também por experiências técnicas de montagem de um espetáculo, cenografia, figurinos e sonoplastia.
Uma das participantes, Maria João Andrade, resume a sua experiência teatral como difícil, em que a palavra é apenas uma das várias expressões de que o teatro se faz valer e vê “na arte uma linguagem alternativa e, por estranho que pareça, menos ilusória do que a da simples palavra e mais capaz de trazer à comunicação o que é genuinamente o essencial”.