Intitulado “Ágora: Encontro de Media, Proximidade e Participação”, estas jornadas do projecto “Agenda do Cidadão” trouxeram para o debate conceitos como cidadania, ciberjornalismo, jornalismo hiperlocal, proximidade e participação. Durante os dias 19 e 20 de Abril foram abordadas na Universidade da Beira Interior (UBI) um conjunto de questões que preocupam os responsáveis pelo futuro dos media regionais, em particular na imprensa. Com o objectivo de definir estratégias e delinear caminhos para o jornalismo regional estiveram presentes investigadores, académicos e jornalistas.
O primeiro dia de conferências ficou marcado pela presença de Zvi Reich, professor titular do Departamento de Estudos de Comunicação na Universidade Ben-Gurion do Negev e ex-jornalista do maior jornal de Israel (Yedioth Aharonoth). Reich salientou a importância de explorar competências jornalísticas, assim como a necessidade de ter verdadeiros especialistas na prática do jornalismo, para que lhe seja conferida a devida credibilidade e este deixe de ser visto como inferior em relação a outras áreas científicas. Para o professor de Ben-Gurion o jornalista precisa de interagir com as fontes e desenvolver novas capacidades: «Journalism needs modification, and modification is interaction».
A imprensa regional espanhola também mereceu destaque neste primeiro dia de conferências. Representada por Xosé López García, jornalista e catedrático de jornalismo, e Juan Pedro Molina Cañabate, doutor em Ciências da Informação pela Universidade Complutense de Madrid e professor no departamento de Jornalismo e Ciências da Comunicação Audiovisual da Universidade Carlos III. Ambos abordaram as “Estratégias online para a imprensa regional”.
Xosé López García enunciou alguns exemplos de sucesso de periódicos regionais em Espanha, de forma a demonstrar que a imprensa regional tem futuro «A conjuntura actual é importante para trabalhar uma etapa mais difícil do jornalismo», disse o investigador. «É preciso encontrar os pontos fulcrais para o posicionamento online. Muitas comunidades precisam de informação para se desenvolverem». Xosé Lopes Garcia acredita no futuro da imprensa regional, e diz que «a apropriação social que os cidadãos fazem da tecnologia é mais importante do que a tecnologia em si». Cañabate falou da web 2.0 e de como é importante os jornalistas tiraram partido dela. «Para que o jornalismo mude, é preciso mudar as mentes dos jornalistas, dos empresários. As instituições têm de vender informação transparente» disse o professor.
No segundo dia foram abordados temas como ciberjornalismo de proximidade e o jornalismo hiperlocal. O jornalismo hiperlocal é um modelo de jornalismo que “está realmente próximo do cidadão”, e que tem vindo a ganhar cada vez mais terreno com o surgimento e desenvolvimento da internet. Foram ouvidos alguns dos representantes dos jornais que integram o projecto “Agenda do Cidadão: jornalismo e participação cívica nos media portugueses”, Patrícia Duarte representante do jornal Região de Leiria, Joaquim Duarte do jornal O Ribatejo, Fernando Palouro do Jornal do Fundão. O encerramento destas jornadas deu-se depois de uma visita ao Museu de Lanifícios da UBI.