A conquista do primeiro lugar numa prova internacional de protótipos ecológicos traduz todo um trabalho de vários anos desenvolvido no Departamento de Engenharia Eletromecânica. Docentes e alunos, ao longo de vários anos têm mostrado um especial envolvimento neste projeto que tem por base a criação de um veículo automóvel capaz de percorrer o maior número de quilómetros com a menor quantidade de combustível possível. Um veículo que tem sido utilizado nas provas da Shell Eco-Marathon e que nasce do esforço conjunto de docentes e alunos da instituição.
No passado fim-de-semana, Madrid foi a capital ibérica dos veículos desenvolvidos nas instituições lusas e espanholas, numa mostra de ciência e também numa competição. Foi precisamente no coração de Espanha que o protótipo desenvolvido na Universidade da Beira Interior acabou por se impor à concorrência. O UBIcar conquistou o primeiro lugar na prova rainha ao conseguir percorrer 88 quilómetros com um litro de combustível. Milhares de pessoas assistiram, na zona do Príncipe Pio e Casa de Campo, a esta competição da Madrid Ecocity.
Fernando Santos e Paulo Fael, docentes do DEM e principais mentores do projeto ao longo dos anos, começam por explicar que “esta prova teve cerca de 25 carros, enquanto que a de Roterdão, onde vai decorrer a Shell Eco-Marathon, no próximo mês de Maio, vai ter cerca de 200 e selecionados. Mas ainda assim abre as portas a boas perspetivas”. Os docentes apontam a fiabilidade como uma caraterística deste projeto que se tem vindo a fomentar há três anos. “Temos conseguido em todas as provas passar a fase da inspeção, que é algo difícil e depois temos elevada fiabilidade em termos de tentativas”, diz Fernando Santos.
Houve ainda a introdução de um sistema de travagem regenerativa “e que esperamos dê origem a uma patente. Mas esta prova em Madrid foi bastante diferente da que se vai passar em Roterdão. O percurso exigia mais do motor e nós conseguimos estar à altura”.
Mas a vitória faz também sobressair uma das bases deste tipo de desafio, a sua componente pedagógica, “porque temos aqui também uma componente científica e isso tem-se traduzido, de alguma forma, em algumas publicações, mas acima de tudo, a envolvência dos alunos. Penso que a Faculdade de Engenharia se tem de diferenciar pela componente pedagógica e só assim vamos conseguir trazer alunos para a Universidade da Beira Interior. Estes projetos contribuem é para isso mesmo, tal como os das “Pontes de Esparguete”. Tudo isto faz com que a faculdade tenha cada vez mais alunos e se diferencie por isso mesmo”.
Uma opinião partilhada, precisamente por um dos alunos que está envolvido no projeto.
Jorge Gaspar, aluno do primeiro ano do mestrado de Engenharia Eletromecânica, foi o condutor do UBIcar. Para este estudante da academia, a prova na capital espanhola “foi um desafio muito importante”. Ainda assim sentiu “as verbas reduzidas que têm de ser esticadas ao máximo, mas acaba por ser interessante e importante com muitas horas gastas ‘extracurricular’, no fundo a equipa trabalha toda para o mesmo ideal. Conseguimos trazer o primeiro prémio da nossa categoria e o segundo lugar na geral do Urban Concept”, diz com satisfação. Jorge Gaspar lembra que esta vitória “foi uma lufada de ar fresco para o desafio que agora vamos encontrar em Roterdão e para o qual estamos a tentar melhorar alguns pontos no carro e o seu sistema de regeneração”.