"Digital Media And Control 2012: Public Space And Surveillance Culture” foi o tema da conferência realizada no passado dia 13 de abril na Universidade da Beira Interior (UBI). Como convidados estiveram presentes, David Burns, professor da Southern Illinois Carbondale University, nos Estados Unidos da América, João Carlos Correia, professor da UBI e Catarina Rodrigues, investigadora do Laboratório de Comunicação da UBI (Labcom).
Davis Burns falou do controlo dos media e identificou três fases diferentes de controlo sobre os cidadãos. A primeira fase diz respeito à “monitorização das comunicações globais”, no qual as conversas telefónicas podem ser controladas por satélite. Na segunda fase identificada como a “ubiquidade das tecnologias” foi referida a possibilidade do Governo controlar os cidadãos através de dispositivos móveis, como o GPS. Segundo o docente norte-americano, nesta fase as pessoas são controladas porque passa a existir um programa que domina as acções dos agentes, dizendo por onde devem ir e como agir. A última fase identificada por Burns é a “biometria”. Esta fase reconhece as pessoas pelo que fazem e tudo o que fazem está a ser controlado, mesmo que seja feito no espaço físico como é o caso do simples ato de ir às compras.
João Carlos Correia teve como ponto de partida George Orwell e falou em sistemas de vigilância que representam uma infraestrutura complexa na vida contemporânea. “A vigilância é a maneira como nós funcionamos no mundo no século XXI, uma tendência de organização moderna nos locais de trabalho e nos negócios e não apenas de um produto da conspiração secreta”, explica. O docente abordou ainda questões relacionadas com a utilização de redes sociais, nomeadamente o Facebook.
Catarina Rodrigues falou sobre o caso Wikileaks “cuja estratégia lançou várias interrogações relacionadas com o controlo informacional na era da comunicação em rede”. A Wikileaks é um espaço onde desde dezembro de 2006 são revelados documentos confidenciais e informação que, supostamente, seria secreta. Foram referidos alguns momentos que marcaram a história da Wikileaks, nomeadamente a distribuição de documentos a publicações de referência no jornalismo como The New York Times, The Guardian, Der Spiegel, Le Monde e El País. Esta ligação foi o mote para abordar questões relacionadas com as práticas jornalísticas, como a mediação, a relação com as fontes e os limites da liberdade de informação.
Para além da vigilância sobre os governos exemplificada pela Wikileaks, o evento procurou refletir sobre a vigilância a que cada cidadão está sujeito diariamente, ainda que de forma involuntária e em diferentes contextos.
A organização e moderação da iniciativa esteve a cargo de Herlander Elias, professor do Departamento de Comunicação e Artes da UBI e investigador do LabCom.