O Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP) aponta para um aumento de cerca de 30 euros nas propinas aplicadas aos cursos superiores. Um aumento que se fará refletir já a partir do próximo ano e que deverá “levar a mais restrições na frequência de cursos” diz Pedro Bernardo, presidente da Associação Académica da Universidade da Beira Interior (AAUBI).
Segundo o responsável pela “Casa Azul”, este acréscimo nas propinas dos alunos acaba por ser mais uma imposição governamental do que uma vontade das instituições académicas. Há vários que os orçamentos das universidades têm vindo a ser reduzidos e as receitas provenientes do pagamento dos estudantes acabam agora por ser um recurso. Nesse sentido, a realidade que Bernardo espera ver nos próximos tempos é a de um maior apoio da ação social.
Com presença no último encontro nacional de associações, o tema do apoio aos estudantes foi o mais discutido. O presidente da AAUBI explica que olha “com preocupação o estado das academias e com a ideia presente que temos de encontrar soluções para combater este aumento de propinas”. Os 37 euros de aumento propostos pelo CRUP, na propina anual “têm de reverter para um fundo de ação social”. A proposta foi avançada também pelo CRUP, contudo, no encontro de associações, os responsáveis sublinham que esta proposta é ainda muito vaga, no sentido em que a ação social é algo muito difuso”.
Para já, a principal preocupação dos responsáveis académicos vai para a forma como esse dinheiro será investido. “Penso que essa discussão devia ser feita mais a nível local. No caso da UBI gostaríamos de saber se neste assunto o aumento de propinas se traduz num alargamento do horário da biblioteca, se vamos ter espaços de estudo aberto durante as 24 horas, se vamos ter mais e melhores cantinas, enfim, se a qualidade de vida dos alunos da Universidade da Beira Interior vai melhorar com este aumento de propinas”, reitera.
Outro dos pontos que esteve em análise durante o encontro de trabalho foi o regulamento de atribuição de bolsas. Um dos casos mais abordados “é o que penaliza alguém que tenha no seu agregado familiar pessoas com dívidas fiscais ou à segurança social”. Nesse sentido, a Associação Académica da Universidade da Beira Interior (AAUBI) subscreveu uma moção da Associação Académica da Universidade do Porto que pede um prazo de pagamento da referida dívida, ou exista um acordo de pagamento para que o aluno tenha acesso à sua bolsa. “Temos consciência que este é um tópico importantíssimo e no caso da Covilhã temos cerca de 500 alunos nesta situação, por causa do famoso artigo 33 do regulamento de bolsas”.
Um terceiro assunto avançado no ENDA foi o da reestruturação do ensino superior. Temática que “envolve uma discussão muito profunda, não só com as universidades, as empresas, os políticos, e outras entidades”. A AAUBI faz parte de um grupo de trabalho para discutir a reestruturação do ensino superior. “Para além da necessidade de pensar o estudante, não só durante o seu período de estudo mas temos de pensar para além disso, o que é que o estudante vai fazer depois. Temos de promover uma cultura de empreendedorismo com pessoas com ideias e capazes de produzir”, diz Pedro Bernardo. O responsável máximo aponta para “a grande importância” da associação estar de volta a estes eventos e “sentir que a presença da AAUBI nos encontros nacionais de associações foi muito bem vista. Apresentámos duas moções conjuntas com a Associação de Aveiro e Minho e subscrevemos cinco ou seis moções de outras academias. Isso prova que a AAUBI está de novo presente em termos nacionais. Para estes encontros promovemos algo importante que foi uma discussão interna sobre políticas educativas. Uma partilha de ideias com os núcleos de alunos que dá mais credibilidade e força a esta equipa” aponta.