Apostar na formação com qualidade parece ser o futuro dos cursos de Engenharia Civil. Na semana em que decorreu mais um ciclo de conferências promovidas pelo Departamento de Engenharia Civil e Arquitetura e Núcleo de Alunos de Engenharia Civil, decorreu um conjunto de intervenções que, no seu conjunto, serviram para analisar o estado do ensino, das saídas profissionais e da investigação em Portugal, neste domínio.
Este tipo de atividade, que reúne todos os elementos ligados ao curso, desde alunos a professores, passando pelos membros das equipas de investigação e parceiros exteriores, acabou por se assumir como um momento de balanço deste curso, um dos mais antigos no que diz respeito à academia beirã. Nesse sentido, João Lanzinha, vice-presidente da Faculdade de Engenharia e um dos responsáveis pelo curso de Civil, lembra toda a história desta formação, “que passou já por uma forte consolidação, quer ao nível do número de vagas quer na relação com os parceiros”. O Curso de Civil está implementado no contexto nacional. Contudo existe um conjunto de instituições que “cresceram de forma desregulada e que não vão ser sustentáveis, daí que o reordenamento da rede e o repensar das vagas a nível nacional sejam temas sobre os quais se deveria debater”.
O curso de Engenharia Civil da UBI, um dos mais antigos e emblemáticos da instituição, “está hoje plenamente reconhecido por todos”. Tal acaba por resultar “de um trabalho contínuo onde a aposta na qualidade e na exigência se têm revelado como fatores essenciais para alcançar este mesmo reconhecimento. A título de exemplo veja-se o caso dos alunos que temos entre nós num momento em que, na área, tanto se fala em internacionalização. Há muito que temos aqui alunos vindos dos mais diversos pontos do mundo, como Brasil, Angola, Cabo Verde, Moçambique e Ucrânia, entre outros. Quanto aos engenheiros que conseguem aqui a sua formação, estão espalhados por todo o mundo, desde Inglaterra a Angola, passando por Argélia e Brasil, entre outros”.
Quem parece seguir neste sentido é Carlos Matias Ramos, bastonário da Ordem dos Engenheiros. O responsável máximo por esta instituição marcou presença neste evento e sublinhou o papel relevante que a academia tem desenvolvido para promover um dos melhores cursos de Engenharia Civil do País. A aposta na qualidade “é a solução para alguns males do ensino”. Qualidade de ensino, transparência na relação com o mercado de trabalho e regulação do número de vagas são linhas de ação que a Ordem dos Engenheiros está a promover. Segundo o bastonário, “a solução de Portugal passa pelos engenheiros, até porque não há possibilidade de nenhum País se desenvolver sem apostar na engenharia”. Mas a proliferação do número de cursos com referência a esta área ultrapassa em muito as necessidades portuguesas e “um País como o nosso não se compadece em fazer investimentos que não têm retoma. Estes cursos são muitas vezes ilusórios para os alunos e não há em todo o processo uma informação que mostre a empregabilidade, a classificação num ranking internacional, entre outros. Esconde-se isso e os alunos são metidos no mercado apenas por títulos apelativos de cursos”.
Na UBI a crise parece estar a passar ao lado desta forma. João Lanzinha lembra que o curso tem uma procura significativa e a taxa de empregabilidade dos licenciados “é elevada”. Esta formação pauta-se por ter sempre presente novos desafios e formas de ampliar a sua qualidade de ensino. Em forma de recordar os vários anos de atividade, este docente lembra que “ao longo destas duas décadas de existência fomos sempre avaliados por diversas entidades e encarámos esses momentos como oportunidades para fazer a consolidação do curso, promover a exigência e mais importante que tudo ter bons resultados na colocação dos nossos alunos. Partilhamos aqui o espírito da boa relação entre docentes e alunos, da promoção do trabalho em equipa, da interligação com todos os públicos e por isso mesmo eles integram-se bem no mercado de trabalho”, atesta.