António dos Santos Ramalho Eanes é o próximo doutor Honoris Causa da Universidade da Beira Interior. No próximo dia 30 de Abril, a academia vai distinguir o antigo Presidente da República.
Segundo os responsáveis da instituição, este reconhecimento deve-se “ao imenso contributo para a democratização do País e para a sua inserção entre as nações democráticas e desenvolvidas”. No dia da universidade, Ramalho Eanes recebe a mais alta distinção académica, apadrinhado pelo escritor Eduardo Lourenço, galardoado com o Prémio Fernando Pessoa 2011.
Com mais esta distinção, a academia integra no seu conjunto de doutores Honoris Causa mais um beirão. Ramalho Eanes é natural de Alcains, localidade no concelho de Castelo Branco. Nasceu a 25 de Janeiro de 1935 e fez da carreira militar o seu percurso profissional. Com raízes na região da Beira Interior, António Ramalho Eanes, destacou-se na defesa do regime democrático ao assumir a liderança das manobras militares de 25 de Novembro de 1975, que estabilizou o regime democrático e acabou com o processo revolucionário.
Assume funções como Presidente da República entre 1976 e 1986, período durante o qual promove, também no plano político, a derrota do projeto revolucionário, e atua como o defensor do funcionamento das instituições democráticas e da estabilização das forças armadas, colocando-as como o garante das escolhas legítimas do povo português, expressas em eleições livres. Como Presidente da República, reorienta a posição de Portugal no mundo, estreitando as relações com os países da NATO, e reativando, numa nova ordem, as relações do País com os países emergentes das independências das ex-colónias.
As suas intervenções políticas começam ainda durante o regime ditatorial quando se junta ao grupo de oficiais que está na génese do protesto contra o I Congresso dos Combatentes do Ultramar. É já no pós-25 de Abril que assume um papel preponderante junto do Grupo dos Nove, ao ser escolhido para organizar o plano militar de 25 de Novembro de 1975 que veio clarificar as posições políticas e ideológicas das Forças Armadas Portuguesas. Dois anos depois, no Verão de 1975, envolve-se numa conspiração desenvolvida pelo chamado Grupo dos Nove, encabeçado por Ernesto Melo Antunes, ficando Ramalho Eanes encarregue de organizar um plano militar, posto em prática a 25 de Novembro de 1975.
Este beirão acaba por se tornar uma figura marcante da democracia portuguesa ao tornar-se o primeiro Presidente da República a ser eleito por sufrágio direto e universal, a 27 de Junho de 1976. O seu primeiro mandato fica marcado pela implementação de um plano de reestruturação das Forças Armadas. A 7 de Dezembro de 1980, o general volta a ser eleito para um segundo mandato.
Em termos académicos, António Ramalho Eanes começa a sua formação em 1942, no Liceu de Castelo Branco, até 1952, ano em que segue para a Escola do Exército. Como Oficial de Infantaria passou pelos postos de alferes, tenente, capitão, graduado a major, major, tenente-coronel, coronel, graduado general e general de quatro estrelas. Na arma de Infantaria, Ramalho Eanes serve Portugal, durante a Guerra Colonial, na Índia Portuguesa, em Macau, em Moçambique, na Guiné-Bissau e também em Angola.
Conselheiro de estado desde Março de 1986 é também presidente do Conselho de Curadores do Instituto Universitário de Lisboa tendo já sido condecorado com o Grande Colar da Ordem da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito, com a Grã-Cruz da Ordem de Cristo e com o doutoramento Honoris Causa pela Universidade de Lisboa.