Uma panóplia de novos mundos dá agora a possibilidade aos seus “utilizadores” de terem experiências de vida fora do real. A mediação implícita nas técnicas de design utilizadas para esses fins esteve no cerne da tese de doutoramento na área das Ciências da Comunicação, apresentada na UBI.
Catarina Isabel Grácio de Moura é a autora do trabalho intitulado “Signo, desenho e desígnio. Para uma semiótica do design”. Uma tese que procurou uma ligação entre a semiótica e o design, ou seja, “estudar o design à luz da semiótica”. A autora do trabalho aponta para o facto deste ser “um desafio que pode criar alguma expetativa por se pensar na criação de uma gramática ou de algo mais na linha do que já tem sido feito, mais consentâneo com o que são as metodologias semióticas, mas o que se acabou por fazer está muito mais abrangido pela tradição filosófica e este design foi muito mais interpretado não como uma prática aplicada, mas como filosofia”.
Abordar o design como filosofia, tal como foi feito ao longo deste estudo académico “é tentar compreendê-lo a um nível mais genérico, mas também, justamente por isso, tentar perceber a importância que ele tem na contemporaneidade, ou seja, como intenção para o mundo. No fundo, o que estava aqui a ser avaliado e estudado é essa intenção criadora que move o ser humano que tem uma dimensão simbólica inegável e que é definido pela sua capacidade e desejo de criar e eventualmente substituir até o criador nessa possibilidade de criar o mundo”.
Para Catarina Moura, hoje em dia o design encontra-se associado à técnica, “que tem um potencial tremendo”, e esta técnica “que se entende como tecnologia que permite criar como nunca antes tinha sido possível suaviza as nossas relações com essas criações e coloca uma capa de sedução que faz com que nós aceitemos que progressivamente o nosso mundo seja trabalhado por dispositivos técnicos que tendem a fazer com que a nossa experiência esteja cada vez mais desenraizada da realidade e mais ligada a ecrãs, a espaços virtuais, a realidades virtuais”. Nesse sentido, a tese “Signo, desenho e desígnio. Para uma semiótica do design” defende que o conhecimento do mundo é cada vez mais “um conhecimento mediado do que um conhecimento direto. O design o que faz é trabalhar essas interfaces desses dispositivos técnicos, sejam eles o computador ou a televisão, até o cinema, qualquer mediador que faça sentir que a pessoa já não tem de ir ao sítio para o conhecer, que pode simplesmente ligar um botão e ter essa experiência. O que o design faz é desenhar essas experiências, desenhar essa mediação com a experiência”.
O júri das provas foi composto por Joaquim Mateus Paulo Serra, presidente da Faculdade de Artes e Letras da Universidade da Beira Interior, António Carreto Fidalgo, professor catedrático da Universidade da Beira Interior, Maria Augusta Pérez da Silva Babo, professora associada da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, Maria Teresa Pimentel Peito Cruz, professora associada da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, Anabela Gradim Alves, professora auxiliar da Universidade da Beira Interior e Francisco Tiago Antunes Paiva, professor auxiliar da Universidade da Beira Interior.