O sol primaveril da tarde da passada quarta feira deu uma ajuda à logística montada pela USBB. Num dos jardins do Bairro da Estação, paredes meias com o edifício do Tribunal da Covilhã, foi “erguido” um tribunal popular. Uma estrutura onde se leu a acusação e a sentença visada ao executivo chefiado por Passos Coelho.
Luís Garra, dirigente sindical, foi a voz do protesto. Segundo o mesmo, é tempo de julgar “as políticas ruinosas que levaram o País ao estado em que nos encontramos”. Numa sentença marcada pela luta contra o “grande capital”, Garra pede justiça e prisão para os vários políticos que têm, segundo o mesmo, caminhado por um trilho de roubo, de fraude e de injustiça. Nesta atividade inserida nos eventos desenvolvidos pela Confederação Europeia de Sindicatos, os membros da USBB mostraram-se contrários à austeridade e ao que consideram a destruição do Estado social.
OS altifalantes levam a mensagem mais além das 40 ou 50 pessoas que aderiram ao protesto, descobrem atenções em que vai passando e faz uma pausa para ouvir o discurso do sindicalista transformado agora em advogado de acusação. Advogado sim, porque Garra lembra que “juízes somos todos nós e a sentença vai ser dada por todas as mulheres e homens deste País; pelo mais de um milhão de pessoas que todos os dias se esforçam no seu local de trabalho para no final do mês receber um salário que não chega aos 500 euros”. Um trabalho que é feito enquanto durar, porque a ampliação da crise parece estar para breve e com ela, também o crescimento do desemprego. Informações avançadas “pelo ministro robot logo após mais uma visita da Troika”. Garra aproveita o balanço para lembrar que “os trabalhadores portugueses não estão órfãos têm a sua central sindical, a CGTP”. É bom lembrar também que “em 2012 o desemprego vai ultrapassar todos os limites conhecidos até hoje em Portugal”.
A cartilha da acusação parece não ter fim, e a sentença terá de ser pesada, até porque, “aquela figurinha que está sentada em Belém e só funciona em circuito interno porque tem medo de um grupo de adolescentes, está surpreendida com tudo isto”. Pena é, diz o sindicalista, “que não ouça este tribunal, que não se surpreenda com as negociatas das parcerias público-privadas, com a roubalheira dos dinheiros públicos, dos negócios do BPN e do BPP, entre outros”.
Terminada a fase de acusação, é agendada a leitura da sentença. O dia, 22 de Março, data de mais uma greve geral que Garra espera vir a ser significativa. Uma data simbólica para mostrar “a este governo tem ódio à democracia, tem ódio aos trabalhadores que vamos reagir a tudo isto, até porque temos razão e afirmamos que existem alternativas”.