As primeiras modificações estão já a ser feitas nos laboratórios de Engenharia Mecânica. O veículo que no ano passado marcou presença numa das mais míticas provas realizadas entre equipas universitárias, vai este ano voltar a estar presente na “Shell Eco Marathon”.
Pela primeira vez, a prova que reúne protótipos de todas as academias europeias, pensados para percorrerem o maior número de quilómetros possível com um litro de combustível, decorre num circuito citadino. Roterdão acolhe os carros que integram o evento. Fernando Santos, docente do Departamento de Engenharia Eletromecânica da academia beirã e coordenador de toda a participação, refere que o carro “tem apenas de ser melhorado em alguns pontos”. O projeto desenvolvido no ano anterior por um conjunto diversificado de alunos e docentes “mostrou grande fiabilidade e capacidade de competição”. Daí que para a prova de Roterdão as atenções fiquem centradas em alguns detalhes. Santos acrescenta que “este vai ser um ano de consolidação. A principal novidade que vamos introduzir passa por um sistema de travagem regenerativo que já o ano passado foi experimentado, mas acabámos por abandonar. Também vamos tentar melhorar no aspeto dos atritos para termos um resultado mais positivo”.
A mudança da prova da Alemanha para a Holanda, a maior dificuldade estará nas caraterísticas do circuito. Segundo os membros da academia ubiana, todo o percurso passa pela cidade de Roterdão e será plano. Uma das desvantagens desta escolha “reside no facto de não existirem descidas, sempre aproveitadas para reduzir algum consumo de combustível”, acrescenta o docente e investigador. Contudo, Fernando Santos está confiante na obtenção de um dos melhores resultados de sempre e também no impacto que a prova vai ter. Desta vez, “trata-se de um circuito citadino, no meio de uma cidade com grande impacto turístico e espero que a prova conheça uma maior repercussão”.
Depois de 13 anos de presenças constantes neste evento, os docentes da universidade lembram que se trata de uma atividade “essencialmente pedagógica”. Como tal, exemplificam com o caso do ano passado em que todo o veículo foi desenvolvido em quatro grandes áreas; a do estudo aerodinâmico, a da gestão de produção, a da termodinâmica e a da mecânica. “No projeto do ano passado tivemos quatro alunos de mestrado a trabalhar e os resultados foram visíveis. Com base nessa experiência temos já uma publicação científica aceite para publicação, temos um capítulo de livro publicado e temos cinco artigos científicos submetidos a revistas da especialidade. Portanto, em termos de desenvolvimento científico também se verificam alguns resultados, em particular, na parte da aerodinâmica, onde o professor Páscoa desenvolveu um excelente trabalho, o professor Brojo na parte de termodinâmica e o professor Fael na parte mecânica”. Daí Fernando Santos estar plenamente convencido de que “no aspeto científico o projeto é uma aposta ganha”. Este ano voltam a estar presentes alunos de eletromecânica e de aeronáutica que não são finalistas e por isso mesmo podem continuar no projeto já no próximo ano.
No que diz respeito ao futuro da “Eco Marathon”, o docente sublinha que dentro de dois ou três anos, a academia deverá estar a mudar a propulsão deste veículo, de um motor de combustão interna para um motor elétrico. O futuro desta área passa por este tipo de solução e daí que os investigadores queiram participar no desenvolvimento de novas soluções. Para que tal possa acontecer, “é muito importante encontrar um parceiro a longo prazo”. O desafio é lançado à sociedade civil, nomeadamente a empresas que operam nesta área. Fernando Santos quer assim conseguir um apoio que permita aos docentes e alunos desenvolverem soluções a longo prazo, mas também colocar no mercado inovações realizadas na academia beirã.
Antes mesmo da participação na “Shell Eco Marathon”, o veículo desenvolvido na Covilhã, vai participar numa exposição denominada “Madrid Ecocity”. A convite de uma instituição de ensino superior da capital espanhola, “vamos estar presentes neste evento que reúne as equipas ibéricas que têm participado na eco maratona. Penso que será uma exposição onde se pretende mostrar o que se faz em termos de inovação e onde os carros vão circular e ter algumas mostras”, explica Fernando Santos.