Os endereços utilizados para identificar as páginas da Internet são cada vez vastos. Gerir as denominações de países, de empresas, de organismos e de cidadãos, entre outros, é cada vez mais um trabalho multifacetado. Nesse sentido foi criado o Internet Corporation for Assigned Names and Numbers (ICANN). Esta entidade, entre outras tarefas, regula a atribuição de nomes de domínios em toda a Internet, pelo que é apoiada por grupos de interesse, em particular, o Non-Commercial Users Constituency (NCUC). Este grupo é constituído por utilizadores de todo o mundo e está integrado no departamento de Generic Names Supporting Organization, e tem poder de voto no ICANN.
Nuno Garcia, docente do Departamento de Informática da UBI, foi agora eleito como representante europeu do NCUC. O académico é o primeiro português a desempenhar este cargo e foi eleito depois da nomeação de diversos utilizadores em toda o espaço europeu. Garcia sublinha a importância deste tipo de organismo que funciona como um grupo de apoio nas questões da identificação das páginas online. “Em muitas situações existem conflitos de interesse ou até dúvidas relativamente à forma como agir em diferentes domínios, e é precisamente nesse âmbito que somos consultados ou que manifestamos a nossa opinião”. Para além disto, os objetivos do NCUC, para onde foi eleito Nuno Garcia, passam por defender os interesses dos utilizadores não comerciais junto do ICANN e promover a utilização dos recursos geridos pelo ICANN junto destes utilizadores.
Apesar de em Portugal “e até na Europa” não existirem grandes conflitos de interesse ou casos de mais difícil resolução, Nuno Garcia alerta para a necessidade das entidades e dos utilizadores estarem mais atentos ao ciberespaço e a tudo o que a este diz respeito.
A título de exemplo do trabalho que é elaborado pelos membros do NCUC, destaque para uma decisão que acabou por não permitir atribuir à Cruz Vermelha e ao Crescente Vermelho “privilégios especiais, em termos de nomenclatura, isto porque não sabemos que tipos de privilégios especiais eles queriam, no domínio de nomes, e a comissão julgou que não”. Outro dos pontos passou também por defender políticas de acesso à Internet. “Há algum tempo decorreu uma situação na Indonésia onde se pedia o bloqueio total de acesso à Internet por parte das crianças”. São contra estas situações limites, “e também fanatismos religiosos e políticos”, que este tipo de entidades funciona.
Dar apoio na definição de novas políticas, na elaboração de pareceres para decidir quem tem razão ou não em caso de conflito, entre outras situações são também funções desta entidade que representa os utilizadores não comerciais, mas também organizações como as universidades, entidades particulares, etc. A comissão executiva é presidida por Konstantinos Komaitis, Alex Gakuru (África), David Cake (Ásia), Berdon Kuerbis (América do Norte), e Carlos A. Affonso (América do Sul).