Urbi@Orbi – Como é que surgiu a ideia da candidatura à Associação Académica da Universidade da Beira Interior (AAUBI)?
Pedro Bernardo – [Ouvir resposta] - Foi um projeto que se começou a desenhar devido a um conjunto de situações. Ao longo da minha licenciatura em Engenharia Civil sempre acompanhei o associativismo e esta sempre foi uma casa que me chamou muito. Sendo da Covilhã e tendo crescido neste ambiente académico é triste ver que uma associação destas se aproximou de um estado muito decadente.
Nesse sentido, achei que devia fazer alguma coisa e comecei a montar uma equipa, da qual hoje estou orgulhoso. Esta não foi uma candidatura de uma pessoa, do presidente, foi e é a candidatura e um projeto de toda uma equipa. Isto deu-me muita força e vontade de levar este desafio avante.
A primeira pessoa que fiz questão de abordar, fora do grupo que é o vice-presidente e o primeiro vogal, foi precisamente a anterior presidente da AAUBI. Ela já tinha manifestado interesse em apoiar uma candidatura minha à associação, um ano antes convidou-me para assumir uma lista, mas declinei esse convite porque não iria estar o ano todo na Covilhã e porque a Lénia Pereira não me apresentava um projeto credível. Por isso julguei por bem dar-lhe conta deste meu projeto.
Penso que as escolhas e os caminhos que segui foram os melhores. Neste momento, quero criar aqui um projeto para devolver a associação aos estudantes, à academia, e à cidade.
Urbi@Orbi – Quais as bases fundamentais para as suas atividades?
Pedro Bernardo – [Ouvir resposta] - Um dos aspetos fundamentais é a credibilidade. É essencial retomar a confiança interna. Isso faz-se com uma casa aberta para os estudantes, com o funcionamento do bar académico, com a maior ligação e presença junto dos alunos e com uma orgânica interna em termos de atuação e de documentação. Esperamos criar novos regulamentos de utilização interna da sede, requisição de material, entre outros. Este não é um trabalho visível, mas necessário ao bom funcionamento da instituição.
Depois da credibilização interna passamos para os estudantes. É importante a associação académica voltar a desenvolver nos estudantes o orgulho de pertencer à AAUBI. Estes alunos acabam por sentir-se bem aqui e apostam em nós. Isto passa também pelos núcleos e por parcerias ativas com estas estruturas. Nesse sentido, vamos implementar uma central de serviços para fornecer aos núcleos todo o tipo de material e apoio e a preços mais baixos.
Segue-se a aposta na cidade. A AAUBI, por mais erros que se tenham cometido no passado, e é importante conhece-los para que não se voltem a repetir, é importante que se diga que, é uma associação que representa sete mil pessoas. Daí que é nosso entender estarmos presentes nos assuntos da região e defender as questões regionais. Neste caso, um exemplo muito prático. A AAUBI devia ter tido uma postura crítica e construtiva relativamente às portagens nas autoestradas. Numa altura em que o assunto estava em discussão a AAUBI não teve a capacidade de mostrar uma posição, ou contra ou a favor, mas mostrar que tinha uma palavra a dizer e que a opinião era importante. É isso que a associação tem de fazer para abrir as suas portagens aos alunos e à população que nos rodeia e também para ganhar prestígio.
Neste momento existe um vasto conjunto de temas que vamos abordar nesse aspeto. Desde as portagens aos comboios, ao encerramento, por exemplo, do pólo de Chaves, que é também no interior, há que ter uma postura. A AAUBI tem de ter uma posição de futuro e olhar também para os seus parceiros, como Castelo Branco e Guarda. É tempo de acabar com os caciquismos entre cidades. Tem de existir uma postura conjunta para toda a região e a associação académica quer estar na frente desse processo.
Por fim, gostaria também de trabalhar o aspeto nacional. A AAUBI não tem estado presente na vivência das restantes associações académicas, nos encontros nacionais, entre outros eventos, e isso está já a mudar. Esta semana vamos receber a visita do presidente da Federação Académica do Porto, e depois da Associação Académica da Universidade de Aveiro.
Urbi@Orbi – Do conhecimento que já teve em relação aos assuntos pendentes da AAUBI, existe alguma área que o preocupe mais?
Pedro Bernardo – [Ouvir resposta] - Estamos a terminar um relatório sobre todas as finanças, mas gostaria de deixar esse aspeto para depois. Ainda é muito cedo revelar algumas conclusões. Manifestámos já a intenção, junto da reitoria, de equipar a sede com as devidas funcionalidades, que passam pelo aquecimento, pela Internet e sobretudo, a abertura do bar académico.
Nesse aspeto, não percebo como é que o bar ainda não está aberto, mas isso só a anterior presidente pode um dia explicar, porque aquilo que me foi comunicado através dos Serviços Técnicos é que falta pouco e esse pouco que falta não foi feito pela associação.
A sede, neste momento, está em completa reestruturação, temos de dar vida a este espaço. Vamos criar uma biblioteca, uma zona de estudo, uma papelaria funcional e uma escola de DJ’s. Criar as condições necessárias para receber os ensaios das tunas e com isso promover a vivência e dinâmica deste espaço. Tudo isto é algo que sai desta equipa que não foi eleita só para assinar papéis, mas sim, para trabalhar de facto. A título de exemplo, assim que foi a tomada de posse, os membros têm dedicado muito do seu tempo a fazer uma limpeza geral à “Casa Azul”. Para que se tenha noção do estado em que encontramos as instalações e do trabalho que já tem sido feito, tiramos dois contentores de lixo por dia.
Urbi@Orbi – Uma das principais áreas que tem vindo a ser assinaladas pelos estudantes é a ação social. No presente ano letivo houve fortes cortes nas bolsas e outros apoios, como estão a acompanhar este tema?
Pedro Bernardo – [Ouvir resposta] -Esta casa tem a porta aberta a todos os estudantes e este é o primeiro sítio onde se devem dirigir para expor os seus problemas, qualquer tipo de problema. Para já, temos conhecimento que cerca de três mil estudantes abandonaram as universidades portuguesas porque não tinha condições financeiras para continuar.
Neste âmbito não se pode, ainda assim, confundir ação social com caridade, num sentido bacoco e fortuito, como tem vindo a ser feito. A AAUBI tem de ter uma postura responsável, não pode apenas “dar o peixe”, temos de dar a cana e ensinar a pescar. Vamos criar uma base de dados com os alunos carenciados e a partir daí, quando existir uma atividade onde for necessária a ajuda de um estudante, a AAUBI, recorre a essa base de dados para ter colaboradores.
Urbi@Orbi – Há também algumas situações pendentes como é o caso do conflito judicial com o gestor da “Casa azul”. Como está esse processo?
Pedro Bernardo – [Ouvir resposta] - Temos dois funcionários na AAUBI e isso leva-nos a honrar os nossos compromissos com eles e com o pagamento dos seus salários e a manutenção dos seus postos de trabalho.
Em relação ao caso do gestor, partilho da ideia de que esta associação académica tem vindo para a praça pública demasiadas vezes. Nesse sentido deverá existir mais alguma contenção, nomeadamente em situações como estas do gestor e outras como é a dívida ou não dívida, ou o passivo. Isto para se proteger da humilhação pública. Aquilo que posso então dizer é que o gestor não está presente na associação académica. Se há alguma coisa que se fez de mal, o que importa agora é pensar o futuro.
Urbi@Orbi – E como pensa gerir a ligação ao provedor do estudante e aos alunos presentes no Conselho Geral?
Pedro Bernardo – [Ouvir resposta] - Temos tido alguns encontros com o provedor e vamos agora tentar reunir com os cinco representantes dos alunos no conselho geral. A nossa atitude será sempre a de apoiar e ajudar no trabalho de todas estas pessoas. Nesse sentido, vamos promover esses laços porque é isso que defende também os estudantes.
Urbi@Orbi – No âmbito cultural, entre outros eventos, destacam-se a Semana Académica e a Receção ao Caloiro. Já estão a trabalhar em alguma destas iniciativas?
Pedro Bernardo – [Ouvir resposta] - Estamos já a desenhar o programa da semana académica, mas ainda não existem datas para a sua realização. Este é sempre um evento com uma dimensão considerável e vamos agora ter o cuidado de não marcar em consonância com outros eventos.
No caso da Receção ao Caloiro, a principal aposta e mudança é encarar este projeto com uma dimensão nacional. Não há que ter medo de dar esse salto. Temos tradições, como é a Latada, única em Portugal e a estratégia tem de passar por aí. Mas gostaria também de apontar isso como o epílogo de um conjunto de iniciativas de receção aos caloiros.
O programa de integração dos caloiros está relacionado com a matrícula dos novos alunos em que irá existir uma campanha direcionadas para os estudantes, com a promoção de um “kit caloiro” e outros. Surge depois a campanha “O seu filho está bem entregue”, esta mais virada para os pais dos alunos, em que a própria AAUBI mostra que podem confiar na UBI e na cidade para a formação dos alunos. Mostrar a cidade, a região, as tunas e toda a envolvência e dinâmica da Covilhã.
Por fim, adiantar também o aniversário dos 20 anos do traje académico. Este ano vamos comemorar as duas décadas de traje, um símbolo que nos representa e que temos orgulho de ostentar e queremos dedicar um momento para isso. Incluir também espaços de cultura onde se promovam os alunos com os seus trabalhos, como pintura, escrita e outro tipo de criações.