Foi no passado domingo, pelas 14 horas, no Centro de Estudos Adriano Vasco Rodrigues, no museu Judaico de Belmonte, que decorreu o “Atelier de Dança Judaica”, a cargo do grupo Radalaila, com sede em Valladolid. Foram aulas de dança tradicional judaica, nível inicial, para todas as idades, que tiveram lugar num ambiente de descontracção e animação.
A Radalaila é uma Associação Cultural de Danças do mundo, foi fundada em 1991, e leva já duas décadas a recuperar e difundir as danças de diversas culturas mundiais. Neste momento, interpreta perto de 60 danças de todo o planeta. Este evento serviu segundo a organização para divertir, unir as pessoas e para dinamizar a actividade do Museu Judaico.
O Museu Judaico de Belmonte funciona desde 17 de Abril de 2005. É um museu que retrata a longa história da comunidade judaica na região, que resistiu a longos séculos de perseguição religiosa. Um caso sério de sucesso em Portugal, tendo sido visitado por 16 mil pessoas, em apenas dois anos.
Trata-se do primeiro museu judaico em Portugal, que pretende retratar a história dos judeus no nosso País, a sua integração na sociedade portuguesa e o seu valioso contributo ao nível da cultura, da arte, da literatura e do comércio. O museu expõe mais de uma centena de peças religiosas, do dia-a-dia e de uso profissional, utilizadas por famílias hebraicas, especialmente da Beira Interior e Trás-os-Montes.
O museu é composto por três pisos. A partir da principal entrada, no piso 1, acede-se, um átrio / recepção, onde se localizam os serviços de atendimento, uma loja do museu e um auditório.
Por escadaria e elevador, sobe-se ao piso 2, destinado à exposição permanente. Aqui, o percurso inicia-se por uma visão abrangente dos conteúdos do Judaísmo. Depois, a continuarmos trajectória com um núcleo dedicado à história e cultura Judaica em Portugal. Destacam-se registos importantes, como o movimento de atribulados tempos, que serão recordados em especial, por um memorial com o nome das vítimas da Inquisição. Aspectos do criptojudaísmo e da obra de resgate farão uma relação com o espaço dedicado à comunidade judaica de Belmonte, revelando assim a sua singularidade histórica. Merecem referência particular como principais festas do Calendário litúrgico (Sabath, Purim, Pessah, Rosh Hashaná, Yom Kipur, Sucoth, Hanuka), cerimónias religiosas associadas ao ciclo da vida (circuncisão, casamento, morte).
O piso 3 é reservado a exposições temporárias, para uma área da direcção e administração e ainda para o Centro de Estudos Judaicos.
Pela originalidade deste museu no quadro nacional, a Câmara Municipal de Belmonte apostou na criação do centro de estudos, como unidade de investigação e divulgação dos estudos judaicos. Que é constituído por um importante arquivo de documentação histórica e uma Biblioteca especializada, complementada por recursos informáticos e tratamento de dados. Este centro denomina-se "Centro de Estudos Judaicos Adriano Vasco Rodrigues", em reconhecimento do mérito deste educador e investigador português.
O Museu Judaico está localizado numa escola católica do século XVIII, comprada pelo município e totalmente restaurada para transformá-lo num museu moderno, com um design surpreendente e original. Ele está situado no coração do bairro mais antigo, onde muitas famílias judias ainda vivem em casas de pedra cuidadosamente preservadas. Situa-se a descer o morro do castelo medieval da vila e da sinagoga moderna. O mais interessante desses centros tem uma colecção de objectos pessoais que pertenceu a famílias criptojudaica, algumas delas muito antigas, emprestado pelo Prof Adriano Vasco Rodrigues e pela família da sua esposa. Estes objectos fornecem um registo excepcional da vida quotidiana durante e após a Inquisição, por exemplo um mezuzá primitivamente esculpido de madeira que poderia ser levada no bolso.
O catálogo da exposição de 170 páginas, que contém ensaios de eminentes estudiosos de cripto-judeus, é indispensável para a compreensão do contexto original e o significado destes objectos.
O Museu Judaico é muito procurado por escolas, por causa de trabalhos de investigação sobre a temática, e turistas dos Estados Unidos, Canadá, Israel, Síria e Grécia, mas também há muitos portugueses. Como trunfos, destaca-se o facto de ser o único museu judaico do país e um dos poucos da Península Ibérica. Além disso, “a qualidade do serviço, reflectida em guias informados e fluentes em idiomas estrangeiros tem valido várias mensagens de satisfação” por parte dos visitantes. Por outro lado, o responsável Vítor Teixeira justifica o “interesse que o museu tem despertado junto de turistas não judeus pelo facto de se tratar de um assunto exótico, e como diz respeito a uma minoria, as pessoas procuram conhecer”.
Hoje a comunidade Judaica de Belmonte cuja constituição legal teve lugar em 1988, tem um Rabi para as cerimónias principais, nova Sinagoga, inaugurada em 1996, Cemitério próprio, conta ainda com um Museu, e viu o seu estatuto de cripto-judeus reconhecido por Israel.