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Filarmónica centenária em festa
Eugénia Inácio · quarta, 11 de janeiro de 2012 · 104 Anos ao serviço da cultura de um povo: é este o lema da Filarmónica Carvalhense que ao longo destes anos ultrapassou as dificuldades e se encontra em constante evolução. |
Elenco musical da FRC no 104º aniversário |
22031 visitas A Filarmónica Recreativa Carvalhense (FRC) comemorou no domingo, dia 8 de janeiro, o 104º aniversário. As comemorações decorreram na Vila do Carvalho, freguesia à qual pertence, num dia que reuniu os sócios e população no salão multiusos da coletividade. Os festejos começaram logo pela manhã quando a banda iniciou uma arruada pelas principais ruas da vila. Seguiu-se a eucaristia celebrada por intenção dos sócios e músicos falecidos, na qual os seus membros cantaram e tocaram as músicas e fizeram as leituras. Como já é habitual, houve ainda espaço para uma romagem ao cemitério para também homenagear os sócios e músicos que fizeram parte da instituição filarmónica. No final da missa, a banda tocou mais uma vez para a população e seguiu para a sua sede onde se realizou o almoço comemorativo dos 104 anos, que se prolongou numa festa que decorreu até à noite. No almoço de aniversário estiveram presentes cerca de 140 pessoas, entre elas o elenco musical e maestro, elementos da direção, representantes de bandas filarmónicas da região, e representantes das coletividades da freguesia. Também marcaram presença o presidente da junta de freguesia e um representante da câmara municipal, assim como alguns sócios e população carvalhense. No decurso do almoço, João Paulo Baptista, presidente da junta de freguesia de Vila do Carvalho, referiu que “deixar cair esta instituição, é deixar cair a freguesia”, pois trata-se de uma instituição acarinhada por toda a população, que se tem afirmado na região e além fronteiras, “um exemplo para os carvalhenses, que nunca baixou os braços e lutou”. No almoço estiveram presentes as várias gerações que compõem atualmente a banda. O músico mais antigo tem 75 anos e já faz parte desta família há 64: chama-se Francisco Bragança, toca saxofone alto e vê bastantes diferenças da banda dos seus tempos de menino para os dias de hoje. “Hoje em dia quando partimos uma palheta simplesmente trocamos por uma nova, o que antes não acontecia: tinham de se aproveitar e queimávamos a palheta com uma moeda para a continuar a utilizar”, relatou Francisco Bragança que verifica melhorias na situação económica, bem como nas condições da sede. O músico ainda é do tempo em que "a luz era a petróleo". O atual maestro, João Bouceiro, também já acompanha a coletividade carvalhense há vários anos, os primeiros 13 como músico e os 23 seguintes como regente do elenco musical. Também ele encontra várias diferenças nomeadamnete a nível instrumental onde houve bastantes evoluções. Inicialmente os instrumentos encontravam-se afinados com o “diapasão brilhante” e foi necessário alterar para o diapasão normal, de forma a facilitar a afinação dos instrumentos, o que “na época foi trabalhoso”. João Bouceiro acrescenta ainda que “os instrumentos agora são melhores e é possível afinal mais facilmente devido às evoluções”. A sede continua no local onde João Bouceiro deu os seus primeiros passos na música, mas “o quadrado”, como o próprio a designa, hoje foi alargado e conta com várias salas, um salão multiusos e um bar com salão de jogos, o que também isso é indício de uma melhoria das instalações e as torna mais cómodas. Atualmente, antes de os músicos entrarem no ativo, a coletividade disponibiliza a formação base na sua escola de música o que não acontecia há 33 anos, quando José Júlio Santos, trompetista, entrou para a banda. Esta aprendizagem permitiu que “a banda pudesse evoluir no seu reportório”, disse José Júlio Santos. A melhoria da qualidade musical, tal como um aumento da adesão de jovens na filarmónica, são alguns dos pontos abordados por Manuel Serra, presidente da FRC, que sublinha ainda o facto de atualmente se verificar “mais liberdade e proximidade entre todos os elementos, o que permite uma maior evolução, porque há um ensinamento mútuo”. Vasco Salcedas, na tarola, e João Luís Pais, no trombone, passaram a fazer parte do grupo nas comemorações do aniversário, tornando-se esta a sua primeira atuação. Já tiveram direito à escola de música e não imaginam como teriam aprendido se assim não tivesse sido. Também encontraram uma sede renovada com eletricidade e aquecimentos e tiveram direito ao fardamento completo. Umas das dificuldades antigas era esta, aponta Francisco Bragança: “devido às dificuldades económicas, a banda apenas podia disponibilizar umas calças, casaco e chapéu”, assim sendo, tudo o resto ficava a cargo dos músicos. No final do dia cantaram-se os parabéns à “menina dos olhos” dos carvalhenses, como assim é carinhosamente apelidada a FRC. Os novos elementos tiveram ainda direito ao batismo dos caloiros a que a tradição obriga, sendo abençoados com o champagne, primeiro pelas mãos do maestro e depois pelos padrinhos e restantes músicos. |
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